No aguardo da volta das exportações
Nessa quinta-feira (02) à noite, o Ministério da Agricultura informou que o laboratório da Organização Mundial de Saúde (OMSA) identificou o caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), ou “vaca louca”, como atípica.
O resultado demonstra que a doença ocorreu de forma natural em um animal de 9 anos, sem riscos de disseminação ao rebanho e seres humanos, o que possibilita a volta da comercialização com a China. Desde a identificação da doença pelo ministério, em 22 de fevereiro, o mercado aguardava a conclusão do exame, dado os efeitos para o setor de agropecuária da paralisação autoimposta pelo Brasil das exportações para China, que seguiram o protocolo sanitário exigido pelo país asiático.
O Ministério da Agricultura já anunciou que planeja realizar uma reunião virtual com as autoridades chinesas para decidirem o fim do embargo, com desejo de uma rápida volta dos embarques, projetado até o final de março, antes da viagem do presidente Lula, no dia 27. O ministério informou que irá adotar de imediato as medidas sanitárias necessárias para a volta das exportações.
Lembramos que, em 2021 a China manteve um embargo ao Brasil por mais de 100 dias após anúncio da EEB atípica em dois bois localizados nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso. Assim, considerando os acontecimentos passados, é necessário ter cautela em relação às movimentações da China, dado que em sua maioria, as intenções do país são voltadas para um melhor desempenho do mercado doméstico chinês, em busca de preços mais favoráveis e proteção de suas atividades.
Contudo, apesar de histórico, os estoques de carne da China estão em níveis bem baixos, após período sazonal de Ano Novo Lunar, assim como preços no mercado externo estão superiores, em reflexo a saída do maior exportador de carne do mundo. Assim, acreditamos que a China não deve ir contra ao movimento de rápido restabelecimento das exportações de carne bovina pelo Brasil. O Ministério da Agricultura também foi reconhecido pelos chineses pela sua rápida reação ao caso, seguindo os protocolos exigidos pela China com excelência, o que pode favorecer ainda mais a volta da comercialização.
Nesse cenário, todas as exportadoras de carne bovina devem se beneficiar, levando em conta o share do país asiático em suas receitas. Entretanto, após queda de 19% em fevereiro, o cenário favorece com mais intensidade a Minerva, que é mais exposta as exportações brasileiras, com uma participação de mais 40% da China de sua receita do mercado externo. Os papéis do setor desde o anúncio já apresentaram considerável alta, com BEEF3 avançando mais de 6% nessa manhã.