Desalavancagem operacional na veia
O Grupo Fleury apresentou resultados negativos no 4T22, em linha com nossas projeções e impactados principalmente pela desalavancagem operacional devido à sazonalidade negativa mais forte do trimestre (Copa do Mundo e festas de final de ano). Por outro lado, vemos com bons olhos o baixo nível de alavancagem da companhia, com Dívida Líquida/EBITDA considerando arrendamentos de 2,1x.
Apesar de estarmos com um viés positivo para a companhia, continuamos com outras preferências no setor, portanto reiteramos nossa recomendação neutra para FLRY3, com preço-alvo de R$ 19,00/ação até o fim de 2023.
A receita líquida reportada foi recorde de R$ 1.115 mm (+9,5% a/a), em linha com nossas projeções. Desconsiderando o efeito das aquisições, a companhia apresentou crescimento orgânico de 7% a/a. Já os exames de Covid-19, registraram o menor patamar desde o início da pandemia, representando 1,2% do faturamento bruto do 4T22 (vs. 11,1% no 4T20 e 5,7% no 4T21).
A margem bruta ficou em 22,4% (ante 27,0% no 4T21), 2,7 p.p. abaixo de nossas expectativas e impactada por: (i) aumento do headcount devido às integrações dos M&As; (ii) dissídios salariais; e (iii) maiores custos com mat/med devido à integração do Saha no 4T22, que utiliza medicações de alto custo. Já as despesas operacionais alcançaram R$ 142 mm, 13% da receita líquida do trimestre (vs 11,8% no 4T21).
A soma desses fatores prejudicou o EBITDA do trimestre, que ficou em R$ 233 mm (-11,2% a/a), com margem de 20,9% (-4,9 p.p. a/a), ambos em linha com nossas estimativas.
O lucro líquido alcançou R$ 31 mm (-56% a/a), com margem líquida de 2,7%, 0,5 p.p. acima do que esperávamos, refletindo a desalavancagem operacional do trimestre e o aumento das despesas financeiras.
No 4T22, o fluxo de caixa operacional alcançou R$ 275 mm, estável a/a, com conversão de 118% do EBITDA em caixa operacional. O fluxo de caixa livre do acionista foi negativo em R$ 176 mm, impactado pelo aumento dos juros pagos.
A empresa encerrou o trimestre com um múltiplo Dívida Líquida/EBITDA considerando arrendamentos de 2,1x. Desconsiderando arrendamentos, o múltiplo ficou em 1,2x, bastante saudável em nossa visão e bem inferior ao limite de 3,0x estabelecido pelos covenants financeiros.