Trimestre provisionado
Em meio a um top line dentro do esperado, apesar de impulsionado pela venda não usual de terrenos, a Eztec divulgou no 4T22 um resultado relevantemente impactado por provisões contábeis que, a princípio, consideramos como não-recorrente. Nesse sentido, destacamos a provisão realizada pela companhia de multas e custos adicionais previstos com o prolongamento da obra no Parque da Cidade, reconhecidos nos custos diretos de construção, bem como o valor provisionado na linha de equivalência patrimonial decorrente do impedimento de obras de um terreno em Guaratuba. Além disso, a construtora teve suas receitas financeiras prejudicadas pelo IGP-DI, que trouxeram um fraco bottom line no trimestre.
Embora concordemos que grande parte do fraco resultado se deve a questões exógenas com impacto one-off, como comportamento deflacionário do IGP-DI e o impedimento de uso de um terreno por decisão judicial, ou até mesmo o conservadorismo da construtora nas provisões decorrentes do atraso nas obras no Parque da Cidade, também pontuamos que este último episódio evidencia um potencial risco de execução junto à tese da companhia, algo que classificamos como um ponto de atenção. Dito isso, mantemos nossa visão neutra para EZTC3, com TP YE23 em R$ 17/ação.
Indicadores Operacionais. Operacionalmente, a Eztec reportou um desempenho dentro do esperado no 4T22. No período a companhia totalizou um VGV dentro das nossas estimativas, de R$ 294 mm (-2% R/E), com quedas respectivas de 28% e 40% no t/t e a/a. Na mesma linha, a construtora teve VGV líquido vendido de R$ 293 mm (-4% R/E), levemente abaixo do esperado e um declínio tanto na margem quanto no comparativo anual. Dessa forma, a construtora reverteu o sólido desempenho do trimestre anterior ao reportar arrefecimento nas vendas, conforme esperado, com queda da VSO para 9% (-1 p.p. R/E, - 4p.p. t/t e -2 p.p. a/a).
Desempenho Financeiro. No demonstrativo de resultados, a Eztec reportou um top line em linhas com nossas estimativas, com reconhecimento de R$ 311 mm em receitas líquidas. No entanto, ressaltamos que o montante foi impactado positivamente pela venda de terrenos, prática raramente realizada pela construtora, embora possa se repetir diante do atual patamar de juros. Por outro lado, também reconhecemos a melhora marginal nas provisões de distratos, que se recuperou dos números mais deteriorados do trimestre anterior.
Diante da provisão integral de todas as multas previstas, bem como os custos adicionais decorrentes do atraso do projeto EZ Parque da Cidade, todos reconhecidos nos custos de construção, a Eztec reportou no período custos diretos totais de R$ 234 mm, uma forte deterioração frente ao seu histórico, porém sem perspectiva de contágio para os próximos exercícios. Com isso, a companhia reportou um lucro bruto de apenas R$ 77 mm (-32% t/t e -7% a/a), em linha com uma margem bruta de 25% (-15% R/E).
Adicionalmente, a construtora reportou menor eficiência nas despesas SG&A, em grande parte explicada pelos maiores dispêndios comerciais para a redução do seu estoque, algo buscado pela companhia diante do atual carrego dos imóveis estocados frente o atual patamar da Selic. Com a provisão de R$ 10,3 mm referente ao terreno em Guaratuba, a Eztec também reportou um fraco resultado na linha de equivalência patrimonial. Diante disso, a companhia reportou no trimestre um deteriorado EBITDA de R$ 26 mm, substancialmente abaixo das nossas projeções (-69% R/E).
Diante do fraco desempenho observado nas receitas financeiras, prejudicada pelo efeito negativo do IGP-DI na carteira de recebíveis, a Eztec encerrou o trimestre com resultado líquido de R$ 32 mm (-70% t/t E -57% a/a), sem desvios relevantes vindo da linha de tributos e minoritários.
Avanços em ESG
- Não houve entrada em índices ou prêmios relacionados à ESG.
- Não houve destaques relacionados à agenda ambiental.
- Não houve destaques relacionados à agenda social.
- Não houve destaques relacionados à agenda de governança.