Operacional em linha; carteira de recebíveis impulsiona o bottom line
Nos resultados do 2T22, a Eztec registrou um desempenho operacional dentro do esperado, com queda no top line e pressão pontual nos custos de construção. No entanto, a maior solidez observada no resultado financeiro trouxe um resultado líquido acima das expectativas, o que consideramos positivo. Após a incorporação dos resultados, mantemos nossa visão neutra para os papeis de EZTC3, com preço-alvo mantido em R$ 21/ação para o final de 2022.
Indicadores operacionais. Com demanda mais sensível a juros, a Eztec realizou no trimestre dois lançamentos que totalizaram um VGV próprio em linha com nossas expectativas, de R$ 414 mm. Prejudicada pelo timing dos lançamentos – que ocorreram no final de jun/22 – a companhia registrou vendas líquidas ligeiramente abaixo das projeções, de R$ 223 mm (-13% R/E). No entanto, nos chama a atenção o menor volume marginal de distratos registrados no período (R$ 35 mm), retornando a um nível próximo da média observada em 2021. De qualquer forma, o menor volume de vendas trouxe à construtora uma queda na VSO para 8% (-1 p.p. R/E, -2 p.p. t/t e a/a), bem como um maior nível de estoques (VGV de R$ 2.742 mm).
Desempenho Financeiro. Sem grandes surpresas, a Eztec alcançou uma receita líquida de R$ 243 mm (-16% t/t e a/a), dentro das nossas projeções e em queda frente os exercícios anteriores devido ao aferrecimento operacional decorrente do cenário de juros elevados. Conforme esperado, o custo de obra da construtora foi impactado pelos dissídios na mão de obra e alta dos insumos, porém em nível ligeiramente maior que o esperado, trazendo à Eztec uma margem bruta pressionada de 35% (-2 p.p. R/E) no trimestre, em linha com um resultado bruto de R$ 84 mm (-7% R/E).
Nesse sentido, destacamos que o choque reportado nos custos e seu descasamento pontual com INCC – que indexa os contratos de venda – deve se atenuar nos exercícios seguintes, convergindo portanto a margem bruta para níveis próximos à sua média histórica. Por outro lado, a maior deterioração observada nos custos foi parcialmente compensada pelo resultado mais forte nas SPEs, que geraram uma linha de equivalência patrimonial de R$ 24 mm (frente nossas expectativas de R$ 17 mm).
Em meio a um nível de eficiência em linha nas despesas SG&A (+2 % R/E), onde as maiores despesas administrativas foram balanceadas pela estabilidade nas despesas comerciais, a Eztec totalizou no trimestre um EBITDA dentro do esperado, de R$ 50 mm (-4% R/E) e margem de 21% (-1 p.p. R/E).
Beneficiada pela variação de 4,3% do IGP-DI cuja carteira de crédito é indexada, a companhia registrou um sólido resultado financeiro líquido de R$ 48 mm (+16% t/t e +4% a/a) no 2T22, mesmo diante da queda no volume da carteira e emissão de debêntures. Em detrimento disso, a Eztec totalizou no trimestre um bottom line de R$ 83 mm (-21% t/t e -40% a/a) com margem líquida de 34%, superando em 8 p.p. nossas estimativas.
Caixa e Endividamento. No trimestre, a construtora registrou a distribuição de R$ 25 mm em dividendos e R$ 58 mm gastos em recompra de ações, bem como o pagamento de R$ 71 mm em parcelas de terrenos e R$ 23 mm de capital dispendido em obras na Esther Towers. Ao final do período, a companhia se mantém altamente capitalizada, com destaque para o Caixa líquido – deduzido de dívidas – de R$ 609 mm.