Forte crescimento marginal
Os resultados apresentados pela EDP Energias do Brasil vieram positivos e em linha com as nossas expectativas. Apesar de apresentar queda em sua receita líquida operacional, devido às suas recentes movimentações de portfólio e a uma melhora do cenário hidrológico como um todo, a companhia apresentou um desempenho operacional favorável, que corroborou com um breve crescimento em seu resultado líquido, totalizando R$ 514 mm (+0,8% a/a e -1,6% vs Inter Research).
Em nossa opinião, estes dados sinalizam um destaque positivo para a companhia, trazendo uma robusto avanço nas margens de todos os seus segmentos operacionais. Dado que o seu portfólio atual apresenta um número elevado de novos empreendimentos, a companhia registrou um crescimento também em sua conta de PMSO (+53% a/a). Ao nosso ver, este fator também pode representar uma expansão ainda maior de margens no futuro, conforme ocorra a maturação destes novos projetos, abrindo espaço para novas expansões ou para a distribuição de dividendos. Reforçamos que a companhia também representa uma alternativa para um portfólio direcionado para distribuição de proventos, com um dividend yield atual em torno de 10%. Dado estes fatores, reiteramos a nossa recomendação de compra com preço-alvo de R$26/ação para o final de 2023.
Operacional consolidado. A companhia apresentou um forte aumento de gastos gerenciáveis, principalmente em reflexo aos custos referentes aos seus novos empreendimentos, totalizando R$ 394 mm (+53% a/a). Portanto, o EBITDA ajustado apresentado foi de R$ 1.017 bi (+35% a/a e -6% vs Inter Research). O ajuste apresentado pela própria companhia leva em conta apenas o EBITDA regulatório, excluindo os efeitos não caixa do Resultado Societário. A margem EBITDA foi de 24% (+10 p.p. a/a).
Resultado financeiro e lucro líquido. Em reflexo ao seu aumento de encargo de dívidas, referente à novas captações, além do aumento do CDI, a companhia apresentou uma retração de 87% em seu resultado financeiro, que totalizou -R$ 327 mm. Desta forma, o resultado obtido foi uma variação anual linear em seu lucro líquido, que totalizou um montante de R$ 514 mm (+0,8% a/a). Excluindo elementos referentes a variação cambial, não projetados em nossos modelos, o resultado líquido da companhia foi de R$ 444 mm (-1,6% vs Inter Research).
Geração. A companhia reportou um volume de geração hídrica de 1.62 mm de MWh (-15,5% a/a). Esta redução foi resultado de uma redução em contratos bilaterais estabelecidos no período, devido a melhor hidrologia do trimestre, no comparativo anual. Apesar disso, com o reajuste anual de suas tarifas, que foi de 13,9%, a EDP Brasil apresentou uma receita de geração hídrica similar à do período anterior, no montante de R$ 369 mm (-0,5% a/a). Assim, o EBITDA do segmento apresentou queda de 23%, totalizando R$ 251 mm. Foi obtida também uma forte redução na geração térmica, com queda de 40% em sua receita, que totalizou R$ 426 mm, isso devido ao não acionamento da usina de Porto Pecém no período. Entretanto, com este não despacho da usina, a geração térmica apresentou um ganho de margem através da venda de carvão, combustível que subiu de preço em razão de questões internacionais. Desta forma, o EBITDA apresentado foi de R$ 161 mm (-22% a/a) mas com ganho de 9 p.p.(a/a) em sua margem, que totalizou 38%.
Transmissão. Em nossa opinião, o segmento de transmissão foi um dos fortes destaques do período. A companhia apresentou no trimestre uma RAP Líquida de R$ 220 mm, que simboliza um avanço de 70% contra o 2T22, e de 162% vs 1T22. No 3T22, a companhia inaugurou os empreendimentos Litoral Sul e Mata Grande, que acrescentaram R$ 57,5 mm e R$ 10,1 mm, respectivamente, em seu ciclo 2022-2023 de RAP. Além destes empreendimentos, o principal destaque foi o desempenho da EDP Goiás, que apresentou um EBITDA de R$ 190 mm em conjunto com uma margem EBITDA de 87%. De acordo com a empresa, a EDP Goiás, sua nova subsidiária ainda passa por uma fase de CAPEX de reforços e melhorias, o que em nossa opinião, pode aumentar a sua eficiência e consequentemente as suas margens, no longo prazo.
Distribuição. A receita líquida apresentada pelo segmento de distribuição no 3T22 foi de R$ 2,2 bi (-33% a/a), redução que foi influenciada pelos seguintes fatores: (i) queda dos ativos regulatórios; (ii) queda do Valor Novo de Reposição, em reflexo a queda do IPCA no período e; (iii) queda da tarifa média, em resposta a bandeira verde, que está ativa desde abril, em comparação com a bandeira de escassez hídrica aplicada durante o 3T21. A tarifa média da companhia apresentou variação de -1,9% na EDP São Paulo, totalizando R$ 584,42/MWh, e de -6,2% na EDP Espírito Santo, totalizando R4 572,44. Apesar disso, com a redução da compra de energia elétrica, em resposta ao melhor cenário hídrico, a companhia apresentou uma significativa melhora operacional no segmento, apresentando um EBITDA de R$ 468 mm (+6,2% a/a), com margem de 21,1% (+7,8 p.p. a/a).
Avanços em ESG
- A companhia foi considerada pelo 3º ano consecutivo, a empresa mais inovadora do setor de energia elétrica pelo Anuário Valor Inovação Brasil.
- A EDP também foi destaque no Troféu Transparência, concedido pela Associação Nacional de Executivos (ANEFAC), incluindo demandas ESG. O prêmio destacava a qualidade das suas informações sobre o tema, e a transparência com a população.
- Com a alienação de sua subsidiária Energest S.A.,a companhia reforça o seu planejamento de investimentos em fontes alternativas, que apresenta meta de atingir até 1GW de capacidade instalada fotovoltaica até 2026.
- Não houve iniciativa relevante na agenda social.
- Não houve iniciativa relevante em governança.