É o fim do PPI?
A nova estratégia comercial para o diesel e a gasolina da Petrobras foi divulgada hoje. A empresa apontou dois pilares na nova diretriz: i) custo alternativo do cliente, sendo a priorização na precificação e ii) valor marginal para a Petrobras. Segundo o mesmo comunicado, o primeiro leva em conta a cadeia de oferta no Brasil, sendo fornecedores ou produtos substitutos, enquanto o segundo se refere ao custo de oportunidade da companhia.
Foi também estabelecido o fim da periodicidade de alteração de preços, com o intuito de evitar o repasse da volatilidade cambial. As decisões quanto a futuras mudanças ficam a cargo do grupo executivo de mercado e preço, composto pelo Presidente da companhia, o Diretor Executivo de Logística, Comercialização e Mercados e o Diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores.
O FR ainda declara que a empresa ganha bastante flexibilidade nas tomadas de decisão, bem como o nível de preços garantirá um fluxo de caixa para a realização de investimentos, geração de valor e sustentabilidade econômico-financeira.
Na manhã deste mesmo dia, o CEO Jean Paul Prates anunciou uma queda de R$ 0,40 na gasolina e R$ 0,44 no diesel, o que dá início a nova política de preços. Estes números são muito próximos das nossas expectativas e ao PPI.
Pero no mucho...
O somatório do custo alternativo do cliente com o custo de oportunidade da Petrobras, os “novos” pilares, em nossa opinião, é o Preço de Paridade de Importação (PPI). O PPI reflete o preço eficiente de transação de um bem levando em conta o custo de produção local (pilar i e ii), internacional (pilar ii), custo de oportunidade dos agentes (pilar i), cambio e entre outros fatores.
Em nosso último relatório sobre a política da empresa, criticamos o porquê a empresa não altera o preço da gasolina. Com dados atualizados, segundo nossas estimativas, as refinarias poderiam sofrer uma redução de 16%, cerca de R$ 0,45, o que representaria uma queda de quase 10% ante a média Brasil. Ainda observamos que a empresa opera cerca de 3% abaixo do preço de referência, segundo o histórico mais curto, o que abriria ainda mais espaço para quedas.
O diesel, por sua vez, segue a mesma toada. Segundo nossas estimativas, este poderia sofrer uma redução de quase 12% nas refinarias, cerca de R$ 0,37, com impacto médio para o consumidor de 7%. Embora o reajuste divulgado tenha sido maior, lembramos que a Petro opera com uma defasagem média maior neste, cerca de 4% ante ao PPI.
Desta forma, em nosso entendimento, os números anunciados por Prates ainda estão próximos do PPI, o que aparenta o fim deste, pero no mucho. Acompanharemos de perto novas alterações e a distância ante ao preço de referência, uma vez que alguém sempre paga a conta pela distorção. Avaliamos que de todos os cenários projetados, com defasagens maiores, a Petrobras subsidiando combustíveis perde forma, mas ainda existem alternativas, o que nos faz manter nossa recomendação neutra para o papel, com preço alvo em R$ 40/ação, visando o final de 2023.