Renda Variável


Direcional | Resultado 4T22

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Gustavo Caetano

Publicado 14/mar-4 min de leitura

Menor giro compensado pela eficiência

Apesar do bottom line beneficiado pela resiliência na margem bruta e venda de participação em SPEs, a Direcional registrou no 4T22 um top line considerado fraco, em reflexo ao arrefecimento operacional sinalizado nas prévias. Nesse sentido, destacamos o baixo desempenho registrado na velocidade das vendas (VSO), com queda no percentual tanto no t/t quanto no a/a, bem como abaixo das nossas expectativas. Com isso, esperamos que a companhia passe por um reposicionamento no giro das vendas, em especial devido à recomposição entre os segmentos de baixa e de média-baixa renda em meio ao atual patamar de juros. Após a incorporação dos resultados, mantemos nossa recomendação neutra para DIRR3, com TP YE23 em R$ 18/ação.

Indicadores Operacionais. Conforme mencionado, a Direcional divulgou desempenho operacional abaixo do esperado, especialmente no volume de vendas (-29% R/E). No trimestre, a construtora reportou um VGV vendido de R$ 551 mm, uma desaceleração do crescimento anualizado para 3%, bem como uma queda de 19% no t/t. Enquanto isso, o VGV lançado da companhia atingiu o nível de R$ 896 mm (-7% t/t e +41% a/a), em linha com o esperado. Com isso, a Direcional registrou relevante queda na VSO, ao atingir o patamar de 13% (-4 p.p. t/t e – 3p.p. a/a), nível 5 p.p. abaixo das nossas projeções.

Neste aspecto, destacamos que o fraco desempenho é decorrente da queda observada nas vendas da subsidiária Riva, com maior exposição ao segmento de renda acima do antigo PCVA e, com isso, mais sensível à alta dos juros. Com isso, acreditamos que a companhia passa por um período de inflexão no seu volume de vendas, que pode apresentar um ritmo mais comedido de crescimento, ou até mesmo estabilização. Além disso, a queda de representatividade da Riva significa margens consolidadas mais comprimidas, tendência que ainda não é observada nos resultados.

Desempenho Financeiro. Afetada pelo fraco desempenho operacional apresentado, a companhia totalizou um top line 16% abaixo do projetado, de R$ 534 mm. O volume também representa uma queda marginal de 7%, apesar do crescimento de 10% na base anualizada. Impactada pela venda de participação, a companhia também reportou desempenho abaixo nas SPEs, onde é minoritária, com resultado reconhecido de R$ 5 mm na linha de equivalência patrimonial, frente ao volume de R$ 8 mm do trimestre anterior.

Por outro lado, a companhia surpreendeu positivamente na resiliência das margens. Apesar de projetarmos maior pressão nos custos de construção, em linha com a tese de convergência deste indicador à média histórica da própria companhia, a Direcional reportou boa eficiência na gestão de custos, o suficiente para o registro de margem bruta de 36% (+ 2 p.p. R/E e + 1 p.p. t/t), nível equivalente ao registrado no ano anterior, o que consideramos positivo. Com isso, a Direcional alcançou lucro bruto de R$ 191 mm (-13% R/E. -7% t/t e +10% a/a).

Em meio as despesas G&A nominalmente em linha e menor dispêndio com vendas, a companhia registrou nível menor de diluição diante do menor top line do trimestre. No entanto, a companhia teve sua margem operacional impulsionada pelo resultado de R$ 24 mm registrado na linha de outras receitas/despesas, impactado de forma não recorrente pela venda de participação de SPEs. Como resultado, a companhia alcançou um EBITDA de R$ 142 mm (32% t/t e + 28% a/a), em linha com o esperado.

Diante de despesas financeiras dentro do esperado, bem como menor dispêndio em tributos e na linha de acionistas minoritários, a Direcional encerrou o exercício com resultado líquido de R$ 77 mm (+19% R/E e +22% t/t), com destaque para novo crescimento da margem líquida, que atingiu o nível de 14% (+3 p.p. t/t e + 5 p.p. a/a). No entanto, destacamos que o resultado foi impulsionado pela venda não-recorrente de participação de SPEs, em um trimestre marcado pele baixo desempenho nas vendas. Por outro lado, destacamos a geração de caixa de R$ 98 mm no trimestre, sustentando o baixo nível de alavancagem da companhia, atualmente com Dívida Líquida/PL de 12%.

Avanços em ESG

- Não houve entrada em índices ou prêmios relacionados à ESG.

- A companhia publicou seu 1º Relatório Anual de Sustentabilidade do Grupo Direcional, elaborado com a contribuição de um grande número de colaboradores e de áreas diversas dentro da construtora, em conformidade com as normas GRI (Global Reporting Initiative).

- Não houve destaques relacionados à agenda social.

- Não houve destaques relacionados à agenda de governança.


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