Indicadores Operacionais.
No 4T22, a Cyrela totalizou um VGV lançado de R$ 1.442 mm (-33% t/t e -39% a/a), um forte arrefecimento frente ao trimestre anterior e à base anualizado, apesar de já esperado. Para 2023, a companhia deve manter o atual volume no seu pipeline de lançamentos, mantendo certa estabilidade do atual indicado frente à atual conjuntura. Por outro lado, a companhia surpreendeu na solidez das vendas. No período, a companhia acumulou R$ 1.508 mm em vendas líquidas que, apesar da desaceleração marginal (-12% t/t), representou uma alta de 11% no a/a e um volume 22% superior às nossas projeções.
Como resultado, a companhia manteve uma VSO resiliente de 17% (+ 3 p.p. R/E, -1 p.p. t/t e +1 p.p. a/a), patamar que consideramos positivo. Além disso, a Cyrela reverteu a tendência de alta do estoque, o que deve gerar maior conforto à companhia para o lançamento de novos empreendimentos.
Desempenho Financeiro.
Apesar do volume vendido maior que esperado, a construtora reportou um top line 4% abaixo das nossas estimativas, de R$ 1.370 mm (-12% t/t e +4%). Nos custos de construção, o valor dispendido veio em linha com o esperado, porém com maior deterioração frente às receitas, com margem bruta alcançada de 31% (-1 p.p. R/E, -3 p.p. t/t e a/a). Com isso, a companhia totalizou um lucro bruto de R$ 431 mm (-4% R/E e -18% t/t), praticamente estável frente ao mesmo exercício do ano anterior.
Nas despesas SG&A, a companhia foi impactada negativamente pelo aumento de contingências judiciais, bem como manutenção marginal dos dispêndios comerciais a níveis acima do projetado. No entanto, a maior deterioração observada nas despesas da companhia foi parcialmente compensada pela resiliência das SPEs e joint ventures na linha de equivalência patrimonial, com resultado consolidado de R$ 58 mm. Além disso, a construtora reconheceu um ganho não-recorrente de R$ 18 mm decorrente da alienação parcial de sua participação na Cury. Com isso, a construtora reportou no trimestre um EBTIDA estimado de R$ 235 mm (-33% R/E e -12% a/a), valor 5% abaixo do esperado.
Diante da elevada disponibilidade de caixa e com DI elevado, a companhia também foi beneficiada pelo maior volume de receitas financeiras, o que gerou um resultado financeiro líquido de R$ 27 mm. Com isso, a Cyrela encerrou o trimestre com bottom line em linha com nossas estimativas, de R$ 208 mm (-28% t/t e +5% a/a).
Com o consumo de caixa de R$ 55 mm registrado no 4T22, a construtora encerra o ano de 2022 com geração total de caixa de R$ 33 mm, montante majoritariamente sustentado pela alienação das ações da Cury ao longo do ano, que somaram o montante de R$ 206 mm. Apesar dos desafios do ano, a Cyrela permanece com baixo nível de alavancagem, com múltiplo Dívida Líquida/EBITDA de 1,6x e relação Dívida Líquida/PL de 21.%.