Renda Variável


Cyrela | Resultado 4T22

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Gustavo Caetano

Publicado 17/mar

Resumo

Nos resultados do 4T22, a Cyrela divulgou números majoritariamente dentro das nossas estimativas. Em meio à solidez apresentada no giro do estoque, conforme divulgado nas prévias, companhia apresentou reconhecimento de receitas dentro do esperado, bem como um nível de eficiência praticamente em linha, apesar do viés ligeiramente negativo. Nesse sentido, destacamos ligeiramente mais pressionada, algo equivalente foi observado nas despesas SG&A. No entanto, a menor resiliência operacional foi compensada pelo robusto resultado das joint ventures, bem como pelo efeito one-off da alienação parcial de participação na Cury e maiores receitas financeiras. Apesar de reconhecer os desafios existentes dentro do segmento de incorporação, no qual a Cyrela se insere, entendemos que a companhia mantém baixos desvios de desempenho no seu histórico recente, bem como apresenta a maior relação-risco retorno diante dos múltiplos atualmente negociados. Com isso, reiteramos nossa recomendação de compra para CYRE3, com TP YE23 de R$ 21/ação.

Indicadores Operacionais.

No 4T22, a Cyrela totalizou um VGV lançado de R$ 1.442 mm (-33% t/t e -39% a/a), um forte arrefecimento frente ao trimestre anterior e à base anualizado, apesar de já esperado. Para 2023, a companhia deve manter o atual volume no seu pipeline de lançamentos, mantendo certa estabilidade do atual indicado frente à atual conjuntura. Por outro lado, a companhia surpreendeu na solidez das vendas. No período, a companhia acumulou R$ 1.508 mm em vendas líquidas que, apesar da desaceleração marginal (-12% t/t), representou uma alta de 11% no a/a e um volume 22% superior às nossas projeções.

Como resultado, a companhia manteve uma VSO resiliente de 17% (+ 3 p.p. R/E, -1 p.p. t/t e +1 p.p. a/a), patamar que consideramos positivo. Além disso, a Cyrela reverteu a tendência de alta do estoque, o que deve gerar maior conforto à companhia para o lançamento de novos empreendimentos.

Desempenho Financeiro.

Apesar do volume vendido maior que esperado, a construtora reportou um top line 4% abaixo das nossas estimativas, de R$ 1.370 mm (-12% t/t e +4%). Nos custos de construção, o valor dispendido veio em linha com o esperado, porém com maior deterioração frente às receitas, com margem bruta alcançada de 31% (-1 p.p. R/E, -3 p.p. t/t e a/a). Com isso, a companhia totalizou um lucro bruto de R$ 431 mm (-4% R/E e -18% t/t), praticamente estável frente ao mesmo exercício do ano anterior.

Nas despesas SG&A, a companhia foi impactada negativamente pelo aumento de contingências judiciais, bem como manutenção marginal dos dispêndios comerciais a níveis acima do projetado. No entanto, a maior deterioração observada nas despesas da companhia foi parcialmente compensada pela resiliência das SPEs e joint ventures na linha de equivalência patrimonial, com resultado consolidado de R$ 58 mm. Além disso, a construtora reconheceu um ganho não-recorrente de R$ 18 mm decorrente da alienação parcial de sua participação na Cury. Com isso, a construtora reportou no trimestre um EBTIDA estimado de R$ 235 mm (-33% R/E e -12% a/a), valor 5% abaixo do esperado.

Diante da elevada disponibilidade de caixa e com DI elevado, a companhia também foi beneficiada pelo maior volume de receitas financeiras, o que gerou um resultado financeiro líquido de R$ 27 mm. Com isso, a Cyrela encerrou o trimestre com bottom line em linha com nossas estimativas, de R$ 208 mm (-28% t/t e +5% a/a).

Com o consumo de caixa de R$ 55 mm registrado no 4T22, a construtora encerra o ano de 2022 com geração total de caixa de R$ 33 mm, montante majoritariamente sustentado pela alienação das ações da Cury ao longo do ano, que somaram o montante de R$ 206 mm. Apesar dos desafios do ano, a Cyrela permanece com baixo nível de alavancagem, com múltiplo Dívida Líquida/EBITDA de 1,6x e relação Dívida Líquida/PL de 21.%.

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