Operacionalmente resiliente; Joint ventures vêm abaixo
Com estabilidade nas receitas e eficiência de custos dentro do esperado, a Cyrela divulgou nos resultados do 2T22 números operacionalmente resilientes, com destaque para estabilidade na VSO, crescimento marginal nas vendas e volume sólido de lançamentos. Apesar do bottom-line ter sido atrapalhado pelo baixo desempenho das JVs e maior pressão nas despesas, entendemos que a construtora apresentou números positivos no 2T22. Com isso, reiteramos nossa recomendação de compra para CYRE3, com preço-alvo de R$ 23/ação para o final de 2022.
Indicadores operacionais. Cerca de 16% acima das nossas projeções, a Cyrela alcançou no 2T22 um VGV de R$ 1.673 mm em lançamentos. Nas vendas liquidas, a incorporadora apresentou desempenho 6% acima das nossas projeções, de R$ 1.262, um crescimento de mesma magnitude na margem e estável em relação ao ano anterior. Mesmo com o maior volume de empreendimentos lançados, a construtora atingiu uma velocidade de vendas (VSO) em linha com nossas expectativas, de 15% (-1 p.p. t/t e -4 p.p. a/a), o que consideramos positivo. Ao final do período, o VGV total de seu estoque atingiu o montante de 7.010 mm (+6% R/E e +10% t/t).
Desempenho Financeiro. Apesar do ritmo um pouco mais fraco no segmento de incorporação, a reversão dos distratos provisionados e crescimento mais forte das demais linhas geraram à Cyrela uma receita liquida de R$ 1.250 mm (1% t/t e 7% a/a), em linha com nossas projeções. Também conforme esperado, a companhia apresentou resiliência marginal nos custos de construção, mesmo diante da alta de insumos e dissídios registrados no período. Dessa forma, a companhia registrou ganho de 1 p.p. de margem bruta (32%) frente ao trimestre anterior, atingindo um lucro bruto de R$ 391 mm (+2% t/t e -10% a/a).
Por outro lado, a construtora viu no 2T22 um desempenho abaixo das joint ventures que, em conjunto, entregaram à Cyrela um resultado de apenas R$ 39 mm (-37% R/E) na linha de equivalência patrimonial. Combinado ao impacto de R$ 26 mm nas contingências judiciais, registrado parcialmente nas despesas SG&A - estas 6% superiores ao estimado – e na linha de outras receitas/despesas, a Cyrela apresentou maior deterioração que o esperado nas margens operacionais, com destaque para o desempenho no EBITDA de R$ 177 mm (-10% t/t e -40% a/a), com margem de 14% (-4 p.p. R/E).
Apesar do resultado financeiro líquido abaixo do esperado, este foi parcialmente recompensado pelo dispêndio inferior na linha de impostos e menor impacto dos minoritários, gerando à construtora um lucro líquido de R$ 151 mm (-18% R/E) no 2T22, bem como uma margem líquida de 12% quase estável frente o trimestre anterior (-1 p.p. t/t). Com o desempenho do trimestre, a Cyrela reduziu seu ROE anualizado para 11,5%.
Fluxo de Caixa e Alavancagem. Apesar do maior giro dos estoques, a Cyrela reportou no trimestre um consumo de caixa na ordem de R$ 48 mm, mantendo a tendência observada dos exercícios anteriores. Dessa forma, a companhia atingiu no trimestre uma relação Dívida Líquida/EBITDA de 1,5x (+0,6x t/t), patamar que ainda consideramos saudável. Sob o mais recente programa de recompra de ações, a companhia ainda revelou o desembolso de R$ 67 mm de capital retornado aos acionistas.