Resultado financeiro devora lucro
O Carrefour divulgou resultado misto, com bom desempenho de vendas, mas impactado em margens e no resultado financeiro. As conclusões das conversões alavancaram o faturamento, mas a deflação do período e o SG&A que se inicia antes das aberturas foram percebidos. Por fim, as despesas financeiras elevadas, reflexo do maior nível de endividamento e taxa de juros, pressionaram o lucro da companhia.
Em nossa visão, o Carrefour deve continuar performando positivamente em vendas nos próximos meses. O processo de maturação das conversões e aberturas orgânicas deve diluir as despesas, melhorando também as margens da companhia. Acreditamos que o fluxo de caixa operacional será utilizado para redução do endividamento no próximo ano. Reforçamos nossa recomendação de Compra, com preço alvo de R$ 24/ação YE23.
O cronograma de inaugurações segue intenso e foi revisado para cima. Foram concluídas sete conversões do Grupo BIG no trimestre e o guidance de conversões passou de 30% para 40% (+de 50 lojas) até o final do ano. Ainda, 14 lojas foram negociadas conforme exigência do CADE.
A receita líquida consolidada atingiu R$ 26.379 mm (+40,2% a/a). Esse ritmo de crescimento intenso é resultado da contribuição das lojas inauguradas nos últimos 12 meses e das vendas em mesmas lojas SSS de 10,9%.
O lucro bruto consolidado alcançou R$ 5.246 mm (+39,3% a/a), com margem de 19,9% (-0,1 p.p. a/a). Resultado reflete a incorporação do Grupo BIG e parcialmente compensado pelo efeito da mudança do ambiente inflacionário no Atacadão.
O EBITDA ajustado consolidado totalizou R$ 1.692 mm (+14,0% a/a), com margem de 6,4% (-1,5 p.p a/a). A queda da eficiência é resultante dos impactos do plano de conversão, que exigem despesas antes das inaugurações, insuficientemente compensadas por melhor rentabilidade do Varejo. Acreditamos que a maturação das conversões/aberturas orgânicas deva escalar as vendas, diluindo os dispêndios e consequentemente melhorando as margens da companhia nos próximos meses.
A linha de resultado financeiro foi destaque negativo, afetada pelo cenário de juros elevados e maior grau de endividamento da companhia, totalizando prejuízo de R$ 741 mm. A dívida líquida/EBITDA ajustado dos últimos 12 meses alcançou 2,26x, patamar de alavancagem alinhado com a estratégia de investimentos em expansão, mas que deve ser reduzido nos próximos meses através do fluxo de caixa operacional.
No bottom line, o lucro líquido foi de R$ 361 mm (-46,9% a/a).
Por fim, destacamos a forte capacidade de geração de caixa operacional, que sustenta os investimentos em expansão e dívida. Nos últimos 12 meses, o incremento de geração de caixa foi de R$ 6.376 mm (+17,1% a/a).
Avanços em ESG
- O Carrefour foi incluído no TEVA Women in Leadership Index (Ellas11), que inclui empresas com maior participação de mulheres na liderança.
- Criação do Comitê Florestal com investimento de R$ 50 milhões em iniciativas para conservação dos biomas brasileiros.
- 41 toneladas de resíduos coletados nos PEVs (+141% a/a).
- +24,8 milhões de hectares de carne bovina monitorados (+5,6% a/a).
- Escola Social do Varejo abriu 300 vagas para treinar jovens para o mercado de trabalho.
- Não houve iniciativas em relação à governança no trimestre.