Renda Variável


Carrefour | Resultado 2T22

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Breno de Paula

Publicado 27/jul5 min de leitura

Vendas surpreendem e atacarejo continua sólido

O Grupo Carrefour deu sequência no desempenho robusto do primeiro trimestre, suportado pela força de seu ecossistema que cresceu dois dígitos nas vendas em mesmas lojas (SSS), tanto no atacarejo quanto no varejo. O ambiente desafiador, com pressão na renda real da população e o retorno de serviços, permite que o atacarejo (representado pelo Atacadão) continue muito demandado pelo cliente pessoa física e B2B. Pelo lado do Carrefour Varejo, os obstáculos de migração entre os canais e a menor elasticidade do consumidor compensam parcialmente o resultado consolidado da Companhia. Acreditamos que a alta inflação alimentar deve continuar proporcionando crescimento no faturamento e alguma pressão nas margens para o segundo semestre. De toda forma, é esperado um ritmo forte até o final do ano, além resultados palpáveis das conversões do BIG. Nossa recomendação é neutra, com preço alvo de R$ 23/ação.

O desempenho das vendas brutas consolidadas do Carrefour atingiu R$ 26,5 bi no 2T22 (+35,6% a/a e +4,6% Inter Research). O crescimento foi suportado pela performance de R$ 18,3 bi (+29,4% a/a) nas vendas do Atacadão, provenientes de iniciativas comerciais, incluindo o aniversário do formato em abril. Já o Carrefour Varejo entregou R$ 6,2 bi no 2T22 (+15,2% a/a), ótimo desempenho se levado em consideração o efeito migratório entre os canais e a maior exposição à inflação persistente.

No 2T22, a margem bruta consolidada atingiu 19% (-1,4 p.p. a/a), demonstrando resiliência frente ao cenário macro. Houve deterioração nos dois formatos, mas em níveis saudáveis para a operação da Companhia. A margem do Atacadão foi de 14,1% (-0,8 p.p. a/a) enquanto do Carrefour Varejo foi de 23,3% no 2T22 (-1,4 p.p. a/a).

A margem EBITDA consolidada atingiu 7,1% (-0,7 p.p. a/a). Entre os segmentos, 6,7% (-0,2 p.p a/a) no Atacadão e 5,8% (-0,7 p.p. a/a) no Carrefour. Nominalmente, o número consolidado é um recorde para a Companhia e todas as unidades de negócio contribuíram positivamente para a performance. No atacarejo, o ramp up por loja foi granulado e para as novas lojas foi divulgado um nível forte de vendas, enquanto as lojas maduras operaram dentro do nível normalizado do formato. Para o Carrefour Varejo, o efeito diluição foi significativo, já que as despesas operacionais evoluíram menos que o crescimento do faturamento.

O Grupo Carrefour encerrou o 2T22 com dívida líquida de R$ 12,1 bi ou R$ 17,0 bi incluindo aluguéis e desconto de recebíveis, o que representa 2,7x EBITDA Ajustado UDM, patamar satisfatório para a Companhia. Já o Capex total foi de R$ 658 milhões no 2T22 (-0,2% a/a) em linha com o 2T21 e reforçando o prosseguimento do plano de expansão orgânica.

Avanços em ESG

A Companhia divulgou ações realizadas no trimestre no âmbito ESG. Os destaques são as ações para desmatamento zero: onde 91% das fazendas fornecedores de carne para o Grupo são monitoradas. 32 toneladas (+180% a/a) de produtos coletados através de logística reversa.

Aquisição do BIG

O processo de integração do Grupo BIG já se encontra em andamento. 16 lojas a serem convertidas para Atacadão e Carrefour estão em obras, com previsão de reabrir em novembro/22. Além disso, as compras diretas e indiretas já estão sendo consolidadas, de forma a gerar sinergias com o ganho de escala.


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