Receita e margens evoluem com inverno mais frio
A Companhia divulgou resultado robusto, com crescimento de receita significativo e rentabilidade surpreendente. As vendas em Vestuário foram alavancadas pelo período mais frio e datas comemorativas, que possibilitaram uma dinâmica de preços mais inelástica. O cenário macro ainda é desafiador, sobretudo se considerarmos que o público alvo segue na faixa mais afetada pela inflação. A Companhia ainda assinalou uma visão cautelosamente otimista para o segundo semestre, equilibrada entre as alavancas de crescimento e avanços logísticos, com um cenário macro ainda adverso, eleições e possível impacto da Copa do Mundo no gasto em vestuário. Acreditamos que a Companhia ainda apresenta significativo desconto e traz interessante margem de segurança. Com isso, reforçamos nossa recomendação de compra, com preço alvo de R$ 7/ação.
A C&A reportou receita líquida de R$ 1,6 bi (+38,7% a/a), aproveitando a melhora no fluxo em lojas físicas após impacto da Omicrôm no início do ano. Com isso, o desempenho das vendas em mesmas lojas (SSS) ficou em +34,2% no 2T22, impulsionado pelo inverno mais rigoroso, boa aceitação das coleções e as datas comemorativas. O faturamento de vestuário apresentou forte aumento de 39,7% a/a, enquanto a receita de Fashiontronics (predominantemente smartphones) avançou 32,3% a/a, dado o maior nível de sortimento e estoque que permitiu capturar conversão. A margem bruta total foi de 51,3% (+4,6 p.p. a/a e +2,8 p.p. Inter Research) e surpreendeu, em função da venda de produtos de inverno a preço cheio e da estratégia de precificação dinâmica.
No 2T22, as despesas operacionais somaram R$ 565,6 mm (+74,2% a/a), variação explicada principalmente em função do reconhecimento de créditos fiscais no 2T21. As despesas de vendas totalizaram R$ 464,9 mm (+33,4% a/a), em decorrência da alavancagem operacional, da abertura de 25 novas lojas e da inflação de pessoal. Já as despesas gerais e administrativas ficaram 12,2% maior a/a, somando R$ 114,4 mm, em função do impacto do pagamento da remuneração variável e do início da operação do C&A Pay, cuja estrutura não existia na base de comparação. Com isso, o EBITDA ajustado foi de R$ 246 mm (+145% a/a e em linha com as nossas expectativas), com margem EBITDA ajustada de 15,1% (+6,5 p.p. a/a), como já comentado, em função da recuperação de vendas e alavancagem operacional.
No trimestre, a Companhia apresentou lucro líquido de R$ 2 mm, corroído pelo aumento da despesa financeira (-R$ 95,6 mm no 2T22).
A C&A consumiu caixa de R$ 101,3 mm (-64,4% a/a). O principal impacto foi no capital de giro, com alongamento do Contas a Receber. A C&Aencerrou trimestre com dívida bruta total de R$ 2,34 bi e com uma dívida líquida de R$ 1,2 bi. O múltiplo EBITDA/Dívida Líquida UDM próximo de 4,2x cria um ponto de preocupação. Apesar dos últimos doze meses ainda incluírem efeitos da pandemia e de sazonalidade, esperamos que a alavancagem operacional continue no segundo semestre, diluindo o múltiplo.
Avanços em ESG
Foi reforçado o compromisso com a redução do impacto no Meio Ambiente, encerrando o semestre com 25% da frota que abastece as lojas composta por veículos mais sustentáveis. A Frota verde é formada por veículos elétricos e híbridos movidos a GNV/diesel, juntos, reduzem até 1.700 toneladas de CO2 na atmosfera anualmente, o equivalente ao plantio de mais de 15 mil árvores.
Além disso, a Companhia passou a participar da elaboração do “Guia de Boas Práticas para Embalagens Sustentáveis de E-commerce”, em parceria com a ABVTEX, Associação Brasileira do Varejo Têxtil, e outras varejistas, com o objetivo de apoiar empresas a estabelecerem estratégias para reduzir o impacto dos resíduos no ecossistema e na saúde das pessoas e orientar o setor para um modelo de circularidade.