Renda Variável


BRF | Resultado 3T22

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Manuela Granja

Publicado 10/nov8 min de leitura

Resultados melhores, mas ainda em recuperação

A BRF segue em processo de recuperação, apresentando um resultado superior no comparativo trimestral e acima de nossas expectativas, em espelho a uma melhor performance das operações da Ásia e do Direct Exports. No entanto, queda das margens do segmento Halal, prejudicam a rentabilidade da companhia no período. Visto isso, no consolidado a BRF apresentou uma receita líquida de R$ 14.056 mm (+6,3% R/E, +8,6% t/t e 13,4% a/a), com destaque para divisão internacional e leve melhora da performance do Brasil. As margens apresentaram uma sutil evolução, beneficiadas pelo acréscimo no preço de venda, o que proporcionou um EBITDA, ainda baixo para o histórico, de R$ 1.374 mm (+23,9% R/E, +53,2 % t/t e -2,6% a/a) e margem de 9,8% (+1,4 p.p. R/E, +2,8 p.p. t/t e -1,6 p.p. a/a).

Nesse resultado, vimos uma postura mais transparente da BRF, com comentários estratégicos e gerenciais do Miguel Gularte, novo CEO da companhia, reforçando os desafios diante da eficiência operacional e saúde da estrutura da companhia. As ponderações sobre a simplificação de suas atividades, com uma estratégia “back to the base”, conforme comentado por Gularte, parecem promissores, no entanto, até que esses planos estejam mais traçados e consigam sair do papel, assim gerando resultados, mantemos uma visão mais cética para BRF, com recomendação de Neutra e preço-alvo para BRFS3 YE23 em R$ 18/ação. Reforçamos que os sinais são positivos para companhia, com tendências favoráveis para o setor e benefícios da mudança de gestão, que carrega a experiência do novo CEO. Contudo, ainda é muito cedo para deslumbrarmos a evolução da BRF e sua capacidade obter ganhos com esse cenário.

Brasil. No trimestre, as operações no Brasil sinalizaram uma recuperação dos resultados, com um top line, em linha com nossas expectativas, de R$ 6.815 mm (+1,8% R/E, +4,3% t/t e 6,6% a/a), em reflexo a melhores preços e principalmente do volume do segmento. Entretanto, os desafios com a renda populacional e aceitabilidade de repasses de preços, continuam a pressionar as margens, no qual somadas a custos ainda elevados, levaram a um EBITDA de R$ 458 mm (+15% t/t e -47,8% a/a). O desempenho do setor dependerá das melhorias operacionais e otimização dos processos da BRF, dado que o cenário para proteína de frango continua robusto, mas as margens da companhia não estão respondendo com tanta agilidade.

Internacional. O trimestre foi marcado por resultados mais fortes da Ásia e Direct Exports, que amenizaram os efeitos da deterioração das margens do segmento Halal no consolidado. Na Ásia, o avanço dos preços da carne de frango comercializadas com a China, Coreia do Sul e Japão, impulsionaram o resultado do segmento no período, com um top line de R$ 1.707 mm (+6,6% R/E, +14,9% t/t e +7,4% a/a) e margem EBITDA de 12,5% (+10 p.p. t/t e +7,9 p.p. a/a). Para Exportações Diretas, o crescimento dos preços, em 4,9% t/t, também resultou em um avanço da receita, que fechou em R$ 2.171 mm (+17,2% R/E, +11,7% t/t e +24,8% a/a). Entretanto, elevação das despesas com frete reduziram esse crescimento, ocasionando uma margem EBITDA estável no t/t de 12,2% (+0,1 p.p. t/t e +6,9 p.p. a/a). Em contrapartida, após trimestres robustos, o considerável aumento dos custos, em resposta, principalmente, à situação na Turquia, com hiperinflação, trouxe uma margem EBITDA de 12% (-10,2 p.p. t/t e +0,4 p.p. a/a). Visto isso, no consolidado internacional, a BRF reportou uma receita de R$ 6.540 mm (+12,5% R/E, +6,9% t/t e 20,0% a/a), com margem de 12,2% (+2,0 p.p. t/t e 4,7 p.p. a/a).

Endividamento e Resultado Financeiro. A BRF divulgou um resultado financeiro de -R$ 682 (-33% R/E, +65,6% t/t e 2,5% a/a), impactado pelo crescimento das despesas com juros e perdas com variações cambiais. O endividamento continua elevado, com uma dívida bruta de R$ 24.116 mm (+4,6% t/t) e líquida de R$ 14.830 mm (4,0% t/t), o que reflete em uma alavancagem de 3,26x ante a 3,14x no 2T22. Para o Fluxo de Caixa Livre, a companhia apresentou uma queima de R$ 355 mm. A situação financeira da BRF se mantém preocupante, com um nível de endividamento ainda alto e obstáculos na geração de caixa.

Bottom line. Por fim BRF apresentou mais uma vez um prejuízo líquido de R$ 137 mm (-75,7% R/E, -69,6% t/t e -49,5% a/a).

Avanços em ESG

A unidade de Kizard da BRF recebeu o selo ambiental de “Green Industries” pela Agência do Meio Ambiente de Abu Dhabi. A companhia também foi reconhecida, pelo 13º ano consecutivo, com o Selo Ouro pelo Progama GHG Protocol.

E. A BRF avançou na rastreabilidade dos fornecedores diretos de grão das regiões do Cerrado e Amazônia, com mais de 95% já concluído. Para o consumo de energia, a companhia apresentou uma evoulção na utilização de painéis solares pelos seus integrados, de modo que 91% de sua energia consumido é oriunda de fontes renováveis.

S. Não houve menção sobre avanços sociais no período.

G. Não houve menção sobre avanços em governança no período.

Fonte: RI da Companhia e Inter

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