Em recuperação, mas ainda com resquícios do 1T
A BRF reportou um resultado levemente abaixo das nossas expectativas, demostrando o seu movimento gradual de recuperação, mas ainda com resquícios do desafiador 1T. No que tange a receita, a companhia reportou um resultado forte de R$ 12.939 mm (-1,6% R/E, +7,5% t/t e +11,2% a/a), impulsionado principalmente pelas operações da Direct Export, Halal e melhora do Brasil. Contudo, os custos pesaram mais do que o nosso esperado, o que proporcionou um EBITDA R$ 897 mm (-21% R/E, +491% t/t, -31% a/a) e R$ 1.368 mm Ajustado, com uma margem de 6,9% (-1,7 p.p. R/E, +5,7 p.p, t/t e -4,2 p.p. a/a). De modo geral, por mais que a BRF possua perspectivas positivas para o curto prazo, além de continuarmos otimistas diante da nova administração, vemos que a sua saúde financeira, capacidade de geração de caixa e estratégia daqui em diante ainda são incertas, assim, mantemos a nossa recomendação de Neutra, com preço-alvo para BRFS3 YE22 em R$ 20/ação.
Brasil. No caso do segmento Brasil, vemos uma sequencial melhora dos resultados, no entanto ainda bem inferior ao histórico, de forma que no 2T22 a BRF reportou uma receita líquida de R$ 6.536 mm (+5,7% R/E, 11,1% t/t e 12,4% a/a), levemente acima de nossas expectativas, já incorporando um progresso após ajustes na cadeia no 1T22. Além disso, a companhia foi favorecida por uma melhora na rentabilidade dos processados, após repasse no trimestre e expansão suave de +2,0% t/t do volume vendido. Contudo, as despesas e custos continuam no radar, de certo modo ainda incorporando parte dos ajustes do trimestre anterior, o que ocasionou um EBITDA de R$ 398 mm (-19,1% a/a), superior quando comparado ao baque do 1T, mas inferior no anual, com uma margem de 6,1%, ante a 8,5% a/a. Para o 2S22, vemos que o arrefecimento dos grãos e preços ainda atrativos para proteína de frango, tendem a auxiliar as operações da companhia no período.
Internacional. Para o semento Internacional, a forte demanda externa refletiu robustamente na receita, que fechou em R$ 6.116 mm (-2,9% R/E, +11,3% t/t e 12,7% a/a), com um EBITDA Ajustado de R$ 868 mm (+102% t/t e 10,3% a/a) e forte avanço da margem que ficou em 14,2%, impulsionado principalmente pelas exportações e segmento Halal. Desse modo, ao abrir as operações, vemos que o Direct Exports teve destaque positivo no trimestre, com uma top line recorde de R$ 1.943 mm (-9,7% R/E, +19,2 % t/t e +25,4% a/a), repercutindo o aumento da demanda por proteína brasileira e avanço dos preços, que foram beneficiados pela ausência da Ucrânia e gripe Aviária no Hemisfério Norte. Em complemento, o segmento Halal também se aproveitou desse cenário favorável, com forte avanço dos preços em 11,4% t/t, assim proporcionado uma receita líquida de R$ 2.687 mm (-5,3% R/E, +1,1% t/t, +27,9% a/a). Por outro lado, as operações na Ásia continuam desfavorecidas diante do efeito negativo do lockdown na China nos custos com frete, assim como baixa aceitabilidade de preços pelo país, após desnivelamento dos estoques de suínos. Desse modo, o segmento teve uma receita de R$ 1.486 mm (+13,7% R/E, +22,8% t/t e -16,4% a/a), com uma margem EBITDA de 2,5% (+9,4 p.p. t/t e – 12,6 p.p. a/a).
Outros Segmentos. Em linha com nossas expetativas, o segmento reportou uma receita líquida de R$ 678 mm (+1,1% R/E, +2,5% t/t e 73,1% a/a), em espelho ao melhor desempenho do subsegmento Ingredientes e Pet, que foram beneficiados do gradual efeito das sinergias com as adquiridas no ano anterior e oportunidades no mercado externo. Apesar de pressão dos custos, a BRF obteve um EBITDA Ajustado de R$ 127 mm (+22,3% t/t e 37,4% a/a), com uma margem de 18,7% (+3,0 p.p. t/t e -4,9 p.p. a/a).
Endividamento e Resultados. Por fim, a BRF apresentou uma melhora no seu resultado financeiro, que ficou em -R$ 610 mm (-22% R/E, -21% t/t e -20% a/a), amortecido por ganhos com a variação cambial. Para o endividamento, vimos um avanço de 2,7% t/t da dívida bruta, cotada em R$ 23.062 mm, assim como um endividamento líquido de R$ 14.266 mm (+13,3% t/t), o que proporcionou um acréscimo da alavancagem, totalizando 3,14x, ante a 2,83x no 1T22. Desse modo, a BRF encerrou o trimestre com um prejuízo líquido de R$451 mm (-71% t/t e +127% a/a), frente a uma expectativa de prejuízo de R$ 144 mm.
ESG. No âmbito de suas metas Net Zero, a BRF conseguiu rastrear 90% dos seus fornecedores diretos de grãos produzidos nos biomas da Amazônia e Cerrado, além de incentivar por meio de parcerias o uso de energia limpa em suas operações e de seus integrados. Ademais, a companhia foi reconhecida pelas suas práticas ligadas ao bem-estar animal, com o recebimento da categoria de Ouro na 2ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA), efetuado pela ONG Mercy For Animals. Por fim, a BRF reportou o Relatório Integrado de 2021, que segue a estrutura do GRI, além de incluir o IIRC e SASB.