Renda Variável


Bradesco | Resultado 2T23

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Matheus Amaral

Publicado 04/ago5 min de leitura

Seguro é o maior destaque, mas crédito ainda traz desafios

O resultado do Bradesco no 2T23 veio acima das nossas expectativas e em linha com o consenso de mercado, com lucro líquido de R$ 4,5 bilhões (5,6% t/t e +2,8% Inter Research) com ROAE de 11,1% (estável no trimestre e -0,1 p.p. Inter Research). O resultado neste trimestre foi basicamente sustentado por um desempenho surpreendente nas receitas com seguros, melhora no prejuízo da margem com mercado e pelo benefício fiscal com o pagamento de JCP. Não fosse por isso, veríamos um bottom-line bem inferior, isso porque no crédito ainda vemos tendências negativas, mas há uma indicação de pico neste trimestre, mesmo que singela. Nos destaques negativos e core do negócio, ainda vemos um NII em queda devido ao menor apetite do banco e uma PDD que superou nossas expectativas. E ressaltamos que mesmo com a PDD elevada o banco ainda mostra uma cobertura de 164%, abaixo da sua média histórica e do mercado que costuma girar em torno de 200%, devido a alta inadimplência. Por fim, o banco alterou seu guidance para 2023, trazendo os efeitos da maior restrição do crédito e da redução no NII, mas por outro lado, mantém sua expectativa de PDD, receitas com serviços e aumentou significativamente o guidance para o resultado com seguros, dado o forte 2T. A partir do guidance dado, o banco espera um ROAE de cerca de 11% para 2023, em linha com nosso ROAE estimado para o banco. Esperamos uma gradual melhora nos indicadores do banco, que ainda enfrenta desafios na inadimplência principalmente em MPME e na Pessoa Física, mas mantemos nossa recomendação Neutra, com preço-alvo de R$ 18/ação FY23.

NII em queda refletindo restrição de crédito e custo do risco ainda pressionado pela elevada inadimplência. A margem financeira bruta do Bradesco foi de R$ 16.556 milhões (-0,6% t/t e -3% Inter Research) com o NII com clientes reportando R$ 16.652 milhões (-1,8% t/t e -3,9% Inter Research) resultando na queda da taxa média para 9,7%, refletindo a política de crédito mais restritiva do banco. Por outro lado, a margem com mercado tem mostrado recuperação e diminuiu o prejuízo na comparação trimestral para -R$ 96 milhões (versus -R$ 312 milhões no 1T23). A margem líquida acabou sofrendo uma queda de 12,6% t/t devido à maior PDD no período de R$ 10.316 milhões (+8,4% t/t e +22,6% Inter Research), resultando em um custo do risco de 4,8% (+0,5 p.p. t/t) mesmo provisionando 90% do NPL Formation, pressionado pela inadimplência de 5,9% que deteriorou 10 bps t/t. Por outro lado, vimos sinalizações de pico com a inadimplência na pessoa física que caiu 0,1 p.p. t/t para 6,7% e estagnou pela primeira vez em 7% no segmento de MPME. Os indicadores de atraso de 15-90 dias mostram o que pode ser o início de uma tendência queda registrando 4,4% no total caindo 0,1 p.p. t/t. Ainda assim, o banco reportou um índice de cobertura abaixo da sua média com 164% caindo 1 p.p. t/t.

Seguros é destaque, serviços fica em linha com o esperado e eficiência do banco mostra leve melhora com ajustes finos. As receitas com serviços reportaram saldo de R$ 8.756 milhões (+0,1% t/t e -1,2% Inter Research) com maior resiliência nas Rendas com Cartão e recuperação com mercado de capitais. Mas o destaque mesmo foi o forte resultado com seguros, que registrou R$ 4.841 milhões (+31,9% t/t e +29% Inter Research) e representou 52,5% do resultado do banco, beneficiado pelo forte faturamento no período e melhor nos indicadores de sinistralidade. Com redução de agências, UNs, PAs e headcount, o banco ainda sente a pressão nas despesas operacionais que avançaram 13,4% a/a e 2,2% t/t com maiores impactos vindo das despesas com acordo coletivo ocorrido no ano passado, com isso a eficiência do banco foi de 46,1% com melhora de 1 p.p. t/t, mas ainda piora de 3,7 p.p. a/a.


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