Renda Variável


Banco do Brasil | Resultado 2T23

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Matheus Amaral

Publicado 10/ago5 min de leitura

Forte NII garante bom resultado, apesar do custo do risco pressionar

O resultado do Banco do Brasil no 2T23 veio em linha com as nossas expectativas e acima do consenso de mercado, com lucro líquido de R$8,7 bilhões (+2,8% t/t e +0,5% Inter Research) com ROAE de 21,3% (+0,3 p.p. t/t e +0,7 p.p. Inter Research). O banco mais uma vez reportou um forte resultado com tendências positivas vindo de um forte NII tanto com clientes quanto com mercado, além disso uma menor alíquota efetiva beneficiada pelo JCP também favoreceu o resultado. No crédito, o banco cresceu a carteira, principalmente em PJ no capital de giro, em um momento em que os demais players estão mais restritivos. Já na margem financeira, o banco performou bem, tanto no NII com clientes quanto com o mercado, com o aumento do saldo médio, spreads e com forte resultado com TVMs beneficiado pela taxa Selic e também no Banco Patagônia. Por outro lado, o BB elevou o nível de provisionamento, enquanto viu sua inadimplência avançar 10 bps t/t registrando 2,73% pressionada pelo segmento PJ, impactada pelo caso Americanas, sem este caso, a inadimplência teria ficado praticamente em linha com o trimestre passado a 2,6%. Apesar disso, os indicadores adicionais de qualidade de crédito mostraram boa performance indicando um pico da inadimplência. O banco manteve um nível de cobertura em 201% e viu seu New NPL recuar, provisionando no trimestre 112% do New NPL, sem consumir cobertura.

Por fim, o banco alterou seu guidance melhorando suas perspectivas para a Carteira de Crédito, vindo principalmente de PJ e Agro e também aumentou o guidance para a Margem Financeira Bruta. Por outro lado, vimos piora no projetado para as despesas com PCLD e Receitas com Serviços. Levando em consideração a faixa média do novo guidance, o banco espera um lucro líquido de R$ 35 bilhões para 2023, onde estimamos um ROAE de cerca de 20% em linha com que o banco tem entregado. Mantemos nossa recomendação de Compra, com preço-alvo de R$ 57/ação FY23.

Carteira avança em PJ na contramão dos pares privados, NII com clientes e mercado positivos, mas PCLD avança.

A carteira de crédito atingiu R$ 1,045 trilhão (+1,2% t/t) com o banco crescendo no segmento PJ (+3,4% t/t), principalmente em capital de giro, destoando do ambiente restritivo dos demais players e também em PF (+0,7% t/t). A carteira Agro reduziu 1,8% t/t devido a liquidação de operações de custeio que ocorrem no último trimestre do Plano Safra. O banco mostrou bom desempenho no NII, que totalizou R$ 22.887 milhões (+8,2% t/t e +7,4% Inter Research), beneficiado pelo NII com clientes que viu bom avanço dos volumes, spreads com clientes que registraram avanço de 10 bps para 8,9% versus 8,8% no 1T23, contudo o spread ajustado pelo risco caiu de 6,1% para 5,6%, prejudicado pelo avanço da PCLD no período, que reportou R$ 7.176 milhões (+22,6% t/t e +29,6% Inter Research) devido a piora de risco observada no segmento PJ. A margem com mercado também mostrou forte avanço de 68,3% t/t influenciada pelo o aumento da Taxa Selic beneficiando operações compromissadas e demais TVMs além de um resultado robusto observado no Banco Patagônia.

Qualidade de crédito se mantém resiliente mesmo com efeito Americanas. Os indicadores de qualidade de crédito se mostraram resilientes e indicando pico de inadimplência. O rating de crédito dos níveis D-H avançou 40 bps para 7,8% da carteira, mas o NPL mostrou pouco avanço de 10 bps registrando 2,73% (+11 bps t/t) pressionado principalmente pelo caso Americanas, que passou a impactar a inadimplência over 90. Contudo, devido ao provisionamento adequado de 111% do seu New NPL, o banco manteve sua cobertura em 201% (-14 bps t/t). O New NPL por sua vez caiu 7 bps t/t registrando 0,83% da carteira de crédito.

Serviços com bom desempenho e outras despesas como Risco legal surpreendem positivamente, Eficiência melhora via receita. As receitas com serviços totalizaram R$ 8,3 bilhões (+1,9% t/t e +1,1% Inter Research) beneficiadas pelo bom desempenho das linhas de operações de crédito com clientes do atacado além de bom avanço em consórcios. Destacamos o crescimento das tarifas de conta corrente no trimestre, onde temos visto maior pressão nos pares. As Despesas administrativas avançaram 3,9% t/t impactadas principalmente por despesas com pessoal, publicidade (sazonalmente maiores que o 1T) e demais despesas. Desta forma, a eficiência do Banco do Brasil segue com trajetória de melhoria regitrando 28,3% uma queda de 70 bps t/t, contudo, mais impulsionada pelas receitas do que pelo corte de custos.


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