Apesar do forte bottom-line, linhas importantes trouxeram impressões negativas
O resultado do Banco do Brasil veio abaixo das nossas expectativas, com lucro líquido ajustado de R$ 8.550 milhões (-5,4% t/t e -4% Inter Research) com ROAE de 21% (-1,5 p.p. t/t e -0,6 p.p. Inter Research). De modo geral o resultado trouxe alguns aspectos negativos, como menor margem financeira pressionada pelo maior custo de captação e um resultado com tesouraria um pouco mais fraco. Apesar disso, a reprecificação e atuação em linhas de maior risco/retorno beneficiaram as receitas com crédito. O banco provisionou menos que o necessário no período, o que causou queda no seu índice de cobertura, que performa abaixo da sua média histórica e a inadimplência no geral se mostrou controlada avançando apenas 0,1 p.p. para 2,6%, mas intersegmentos vimos tendências mistas, com o CDC saindo caindo após pico, veículos melhorando, mas no imobiliário mostrando piora. Além disso, a safra recente desde 2021 na PF mostra os níveis mais altos de inadimplência desde 2013. Apesar de um forte bottom-line, que também contou com menor alíquota de impostos, não vimos indicadores tão positivos assim, principalmente nas despesas com provisões. Contudo, o banco ainda segue mantendo um resultado resiliente, mas talvez o ROE acima de 20% pode sentir maior pressão nos próximos trimestres. Mantemos nossa recomendação neutra para BBAS3, com preço-alvo de R$49 FY23.
NII melhora com reprecificação da carteira, mas tesouraria e custos de captação compensam ganhos. Na PDD caso de RJ pressiona trimestre. A margem financeira bruta do banco foi de R$ 21.161 milhões (-1,4% t/t e -2% Inter Research) refletindo um menor resultado com tesouraria e avanços no custo de captação. Sendo assim o spread reduziu 0,1 p.p. t/t para 4,6% no 1T23. As despesas com PDD ampliada totalizaram R$ 5.855 milhões (-10,4% t/t e +9,8% Inter Research), que na base comparativa ao 4T22 foi melhor devido ao caso Americanas, mas por outro lado, o banco realizou uma perda por impairment para um caso específico no Large Corporate em RJ desde 2019. Desta forma, o BB reportou margem líquida de R$ 15.306 milhões (+2,6% t/t e -5,9% Inter Research) representando um spread ajustado pelo risco de 3,3% (+0,1 p.p. t/t).
Carteira de crédito cresce em PF e Agro, além da compra de carteira em veículos. A carteira de crédito totalizou R$ 1.032 bilhões (+2,7% t/t e +16,8% a/a) com maiores contribuições vindas dos ramos de pessoas físicas (+3,6% t/t e +11,5% a/a) e do agronegócio (+3,9% t/t e +24,6% a/a). Em PF, os destaques ficaram para o crescimento de 3% t/t do consignado, +3,7% t/t do crédito pessoal não consignado e de +67,4% t/t do financiamento de veículos, vindo de uma aquisição de carteira neste segmento. No agronegócio o banco cresceu principalmente em operações de custeio (+4,2% t/t) e de investimento (+7,6% t/t). Em PJ o banco se manteve restritivo com queda de -0,1% t/t em grandes empresas e de -2,3% t/t com Governo.
Inadimplência controlada, mas cobertura deteriora com baixo provisionamento e perda com caso específico. A inadimplência do banco mostrou pequeno avanço de 0,1 p.p. t/t para 2,62% no 1T23, mas apesar de ter evoluído pouco, o New NPL/Carteira de crédito avançou de 0,81% no 4T22 para 0,88% no 1T23 com baixa para um caso específico e consideramos que as despesas com provisões no trimestre ficaram bem abaixo do New NPL em 53%, o que consideramos normalmente um indicador próximo a 100%. Com isso seu índice de cobertura caiu de 227,1% para 202,7%, ainda acima do mercado, mas abaixo da média do BB. No segmento PF vimos o que parece um pico sendo atingido no semgento de CDC Salário que caiu do maior nível atingido em dez/22 de 7,68% para 7,41% em mar/23. Por outro lado, o crédito imobiliário mostrou piora de 0,42 p.p. para 2,41% em mar/23 e o financiamento de veículos mostrou queda de 1,48% para 1,23%.
Serviços refletindo sazonalidade e Opex controlado garantindo melhor eficiência da série histórica. As receitas com serviços totalizaram R$ 8.132 milhões (-3,6% t/t e +8,1% a/a) com queda trimestral causada pela sazonalidade do período, contudo, na comparação anual o banco mostrou bom avanço nas principais operações como seguros, administração de fundos e rendas com cartões. Nas despesas administrativas, o banco mostrou um dos melhores indicadores de eficiência entre os grandes bancos com taxa de 29% (-0,4 p.p. t/t) mostrando uma queda sazonal no trimestre das despesas administrativas que totalizaram R$ 8.698 milhões (-2,5% t/t).