A AES Brasil apresentou um resultado positivo para o 3T22, e acima de nossas expectativas. A companhia reportou um crescimento marginal em todas as áreas de atuação de seus segmentos operacionais. Desta forma, a AES apresentou um EBITDA de R$ 284 mm (208% a/a e -5% vs Inter Research), e um Lucro Líquido de R$ 103 mm, ante o prejuízo de R$ 103 mm no 3T21.
Com a realização do seu recente aumento de capital, alinhada com o bom desempenho operacional de seus ativos, a companhia segue expandindo o seu nível de investimentos em seus ativos em construção, como os aumentos de 215% em investimentos nos Complexos Tucano e Cajuína, além de sua recente aquisição de 456 MW em capacidade instalada, por meio dos empreendimentos Ventos do Araripe, Caetés e Cassino. Dada a robusta política de expansões de seu portfólio, alinhada com um desempenho operacional positivo, optamos por manter a recomendação de AESB3 em Compra, com preço-alvo de R$ 17/ação YE23.
Operacional consolidado. A AES Brasil reportou um volume total de geração de energia bruta de 2.693,8 GWh, crescimento de 21,1% (a/a). Do valor total, as usinas hidrelétricas contribuíram com 1.839 GWh (+32,6% a/a), seguidas das eólicas com 714 GWh (+3,0% a/a), e por fim as fotovoltaicas, com 140,5 (-2,9% a/a). Esta grande variação reflete o aumento de afluência principalmente nas bacias do Rio Grande e do Rio Tietê, que no período apresentaram um nível de seus reservatórios superior à sua média dos últimos 10 anos (57,5%). Em relação as eólicas, o aumento na comparação anual foi obtido através da limitação de produção em Alto Sertão II, em conjunto com a entrada operacional dos novos empreendimentos Mandacaru e Salinas. Por fim, nas solares, a queda é um reflexo da menor irradiância no período, principalmente nos empreendimentos Guaimbê e Ouroeste. Por meio da Revisão Ordinária de Garantia Física, que ocorre a cada 5 anos, a AES Brasil apresentou uma redução de ponderada de 4,7% na garantia física de sua base de ativos, totalizando 1.181 MWm. O MME realiza esta revisão com o intuito de equilibrar as usinas que participam do MRE.
Receita líquida e margem. Com este aumento consolidado do volume bruto de energia gerado, a AES Brasil apresentou uma receita de R$ 787 mm, (+ 19% a/a e +41% vs Inter Research). Também com este aumento, o resultado reportado foi uma diminuição da compra de energia para revenda, fazendo com que a margem operacional líquida da companhia alcançasse R$ 427 mm no período (+103% a/a e -1,6% vs Inter Research).
Custos e despesas totais. O total de custos e despesas atingiu uma marca de R$ 143 mm (+21,3% a/a). Este aumento é justificado inicialmente pelo efeito inflacionário registrado no período, em conjunto com aumentos em manutenção e em modernização de sistemas.
Resultado Operacional e Lucro Líquido. Portanto, com esse forte aumento, a AES Brasil apresentou um EBITDA no período de R$ 284 mm (+208% a/a e -5% vs Inter Research). Este resultado reflete a contribuição positiva de todos os segmentos de geração da companhia, com destaque para o retorno da performance hídrica, e para a disponibilidade dos complexos eólicos. A companhia reportou um resultado financeiro de -R$ 36 mm, superior ao valor apresentado no 3T21, de -R$ 110 mm. Este avanço é um reflexo de uma melhor estratégia de alocação de capital, junto com o avanço do CDI no período, em conjunto com uma redução nas despesas financeiras, com uma desaceleração do IPCA no período. Por fim, o resultado obtido então foi um lucro líquido de R $ 102,6 mm, ante o prejuízo de R$ 103 mm no 3T21.
Endividamento e Investimentos. A AES Brasil apresentou dívidas bruta e líquida no valor de R$ 7,9 bi e 4,5 bi, que representam variações anuais respectivas de +33% e -10%. Este aumento se deve principalmente em razão da 1ª emissão de debêntures, no valor de R$ 1,1 bi, além de outras captações realizadas pela AES Brasil Operações, com o pré-pagamento de R$ 767 mm da 7ª emissão, e de R$ 1,25 bi adicionais. A AES Brasil encerra o trimestre com uma alavancagem de 3,35x e uma posição de caixa de R$ 3,3 bi. No período foram realizados R$ 696 mm (+192 % a/a) em investimentos, ampliados principalmente pelo avanço de reforços nos Complexos Tucano e Cajuína.
Avanços em ESG
- Não houve entrada em índices ou prêmios relacionados à agenda ESG.
- No trimestre a companhia neutralizou todas as suas emissões de gases do efeito estufa, desde o início de suas operações no Brasil, desde 1999.
- Foram concluídos o plantio de cerca de 14 hectares de plantas nativas em seu projeto de reflorestamento de Mata Atlântica e Cerrado.
- Realizada parceria com o SENAI do RN, para a realização da formação e capacitação de especialistas técnicos em manutenção e operação de ativos eólicos, realizada exclusivamente para mulheres.
- Foi dado o início ao Plano Básico Ambiental Indígena em Itarema (CE), com o intuito de valorizar e preservar a cultura indígena local.
- Companhia aderiu ao movimento “Elas Lideram 2030” iniciativa do Pacto Global da ONU, estabelecendo a iniciativa de apresentar 30% de mulheres na alta liderança até 2025.
- O seu Conselho de Administração apresenta 36% de representatividade feminina entre os seus membros.