Desligaram o ventilador
O resultado da AES Brasil veio aquém de nossas expectativas. Com a retomada das chuvas, a companhia conseguiu obter um bom desempenho em seu segmento de geração hídrica. Apesar disso, através de uma menor disponibilidade de recursos climáticos, o seu resultado foi impactado pelo desempenho de suas geradoras eólicas, impactando o operacional em 6,4%, e levando a um lucro líquido ajustado de R$ 21 mm.
Dada a melhora do cenário hídrico, alinhada com a nossa perspectiva de normalização dos ativos eólicos da companhia, optamos por manter a recomendação de AESB3 em Compra, com preço-alvo para o final de 2022 de R$ 16/ação. Continuamos a reafirmar o papel como opção para uma carteira de dividendos, com um dividend yield esperado de mais de 6%.
ESG. Em linha com a sua meta anual de reflorestamento, no trimestre a AES Brasil realizou o plantio de aproximadamente 38,5 hectares de plantas nativas da Mata Atlântica. Já no pilar social, a companhia realizou alguns projetos voltados para educação e desenvolvimento local como o projeto Geração+, voltado para a formação de professores em suas áreas de atuação.
Aumento no volume consolidado de energia gerada. A AES Brasil apresentou em seu resultado um volume total de energia gerada de 2.406 GWh, variação de (+17% a/a). Deste total, as usinas hídricas contribuíram com 1.800 GWh (+27,2% a/a), as eólicas com 467 GWh (-6,8% a/a) e as solares com 138 GWh (+0,5% a/a). Estas variações refletem, inicialmente, a melhora do cenário hídrico, com maior despacho das hidrelétricas, resultante do período de chuvas acima da média, afetando principalmente o nível de vazão das bacias dos Rios Grande e Tietê, que cobrem as operações da companhia.
No que tange o desempenho eólico, a redução pode ser explicada pelos seguintes fatores: (i) menor disponibilidade do complexo Ventus, em função de manutenções corretivas e preventivas, resultando em uma queda de 47,5% no volume e (ii) menor disponibilidade e velocidade dos ventos nos Complexos Mandacaru e Salinas, em conjunto com a ocorrência de um furto de cabos em um dos parques do complexo, problema que já foi resolvido.
Para as usinas fotovoltaicas, o aumento de 0,5% a/a é resultado de uma maior irradiância nas usinas da companhia no período, juntamente com uma maior disponibilidade do Complexo Guaimbê.
Receita líquida. A receita operacional líquida da AES Brasil no 2T22 foi de R$ 621 mm, variação de (+10,6% a/a). A sua margem operacional líquida foi de R$ 354 mm, em linha com o valor de R$ 353 mm apresentado em 2T21. Em relação a margem, (i) houve aumento de contribuição em R$ 20 mm, do segmento de geração hídrica, resultado positivo do mercado spot de venda de energia, devido à melhores condições do setor e (ii) incremento de R$ 2,2 mm pelo segmento de geração solar, com a melhora de disponibilidade e irradiância nos complexos Guaimbê e Água Vermelha. Por outro lado, na geração eólica, foi reportada uma queda de R$ 25 mm na margem decorrente dos fatores mencionados anteriormente.
Custos e despesas totais. No resultado do período, a companhia reportou um total de custos e despesas em R$ 115 mm (+18% a/a). Essa variação positiva leva em conta os gastos adicionais dos novos empreendimentos que passaram a compor o portfólio da companhia ao longo do ano passado, juntamente com outros gastos recorrentes como atualização de contratos de seguros, e modernização de sistemas.
Resultados Operacionais. Desta forma, a AES Brasil apresentou um EBITDA de R$ 239 mm no 2T22, redução de 6,4% em comparação com 2T21. Essa variação pode ser explicada principalmente pelo pior desempenho das eólicas, que levou a uma redução de R$ 35,6 mm a/a no resultado operacional, dado o pior desempenho de suas usinas em razão de fatores climáticos. O seu resultado financeiro foi de -R$ 117 mm, decorrente dos custos financeiros de seus novos financiamentos, e dos aumentos de juros e inflação no período. O que nos leva a um lucro líquido de R$ 9,3 mm, 65% inferior ao do 2T21, já levando em conta a exclusão do impacto de ressarcimento do GSF no ano anterior. Excluindo fatores de variações monetárias e cambiais, o lucro líquido ajustado foi de R$ 21,1 mm (-21% a/a).
Endividamento e Investimentos. A companhia reportou dívidas bruta e líquida nos valores de R$ 8,0 bi e R$ 4,6 bi, respectivamente, sendo ambas variações de (+35,1% a/a, e -1,7% a/a). O aumento do endividamento bruto é explicado por duas emissões realizadas pela companhia entre os períodos, sendo: (i) dívida emitida pela controladora no 1T22, no valor de R$ 1,1 bi e (ii) 1ª captação de Cajuína, no valor de R$ 950 mm realizada no 2T22. A companhia encerra o trimestre com uma posição de caixa de R$ 3,4 bi, e um índice de alavancagem de 3,95x.
Proventos. A companhia aprovou recentemente, o pagamento de R$ 53 mm em dividendos intermediários, relativos ao resultado do primeiro semestre do ano, no valor de R$ 0,1074/ação, equivalentes a um payout de 100% do lucro líquido ajustado.