Ressaca do carnaval começou mais cedo
Enquanto no Brasil a folia prevalecia, no exterior o humor azedava e as bolsas amargavam perdas agudas com o cenário de guerra comercial dominando as manchetes dos jornais. O índice VIX, conhecido como índice do medo, chegou a bater os 25 pts, refletindo a carga de incertezas dos investidores quanto ao impacto das novas políticas de Trump na economia norte-americana e global. Apesar da trégua ontem, os receios de uma guerra comercial e resultados corporativos mais fracos pesam nos mercados operam sob pressão.
Estados Unidos
A implementação das tarifas prometidas por Trump ao México e ao Canadá neste mês trouxe uma onda de incertezas ao mercado, refletida tanto no índice VIX, que chegou a bater os 25 pts – maior nível do ano – quanto nas bolsas globais. Apesar dos dados recentes mostrarem que a economia norte-americana continua forte, assim como o mercado de trabalho segue mostrando sinais de robustez, esta semana os juros das Treasuries recuaram e os T-Bonds de 10 anos chegaram a bater 4,16%, com investidores antecipando uma provável desaceleração da economia, em razão dos efeitos de uma possível guerra comercial. Ontem, no entanto, com expectativas de que o governo Trump fosse recuar das tarifas anunciadas, as bolsas tiveram um dia de forte recuperação, seguindo o observado em demais mercados. Os juros das Treasuries recuperaram, voltando aos 4,31%. No setor corporativo, a BlackRock anunciou um consórcio para a compra do controle de portos e outras operações no Panamá, um movimento chave para Trump, que reforçou em seu discurso preocupações com a presença da China na região. Já hoje, o medo de uma guerra comercial, a alta generalizada dos bonds globais e resultados decepcionantes das techs pesam nos mercados e futuros indicam mais um dia em campo negativo.
Mundo
Na Ásia, as bolsas subiram em peso nesta madrugada, parte ajudadas pela possível reversão de algumas tarifas anunciadas por Trump, parte pela notícia de que o governo chinês divulgou sua meta de crescimento do PIB para este ano em 5%. Mercado absorveu com entusiasmo a meta, precificando novos estímulos por parte de Pequim. Já na Europa, depois do alívio ontem, hoje mercados operam no vermelho majoritariamente. Os juros dos bonds por lá dispararam, depois que o governo alemão anunciou um plano adicional de gastos de centenas de bilhares de euros. Agora, os investidores ficam de olho na decisão do BCE que deve trazer um corte adicional de 25 p.b. nos juros e trazer algum sinal de como os bancos centrais reagirão ao novo pacote de gastos.
Brasil
Com o Ibovespa fechado por conta do feriado de Carnaval, apesar dos dias difíceis que tivemos no exterior, vimos o mercado fechar em leve alta ontem, enquanto o dólar encerrou em R$ 5,75. A notícia de China animou as exportadoras, especialmente as mineradoras, compensando o efeito negativo das tarifas norte-americanas no setor siderúrgico. No campo político, a reforma ministerial fica no foco, mas poderemos ver evolução das discussões quanto à reforma tributária, como por exemplo as mudanças no ITCMD e seus impactos nas heranças. Na agenda da semana, temos produção industrial, vendas de veículos da Fenabrave, dados de inflação e PIB.
Abertura
Na abertura, o índice dólar (DXY) recua, enquanto futuros em Wall Street cedem e os juros das Treasuries voltam a subir. Bitcoin também recupera parte das perdas dos últimos dias, e opera acima dos US$ 90 mil. Petróleo cai, com aumento de oferta por parte da OPEP+.