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Matheus Amaral

Publicado 07/jan5 min de leitura

Abertura da Semana

A semana começou bem, apesar do Ibovespa ter começado o ano com o pé direito ainda com o mercado pesando o risco fiscal. Nesta segunda-feira os mercados globais recuperaram o fôlego com ações de tecnologia, principalmente do segmento de inteligência artificial, após a Microsoft ter anunciado um investimento de US$ 80 bilhões em data centers principalmente para fazer frente aos investimentos em IA. A notícia renovou os ânimos do mercado em Wall Street e acabou trazendo para o mercado local.

O Ibovespa avançou mais de 1% se aproximando dos 120 mil pontos novamente, mas chegou a tocar 118 mil pontos na semana passada, níveis de novembro de 2023, antes de termos um memorável rali de fim de ano, há mais de um ano atrás. Setores como o financeiro, imobiliário e utilitiesforam destaques nas altas e com a maioria dos demais também avançando embalados pelos ambiente externo mais animado.

Apesar disso, tivemos queda no minério de ferro que acabou puxando os papéis da Vale e exportadoras também pressionaram o índice com a queda de mais de 1% do dólar na abertura desta semana.

Feliz ano que vem!

Estamos de volta, e aproveito o espaço para desejar um feliz ano novo à todos vocês que acompanham esta newsletter.

Como de praxe, o ano vira e as pessoas renovam as esperanças em todos os aspectos da vida, seja pessoal, profissional e etc. Para nós investidores e insistentes na bolsa brasileira, não teve muito jeito. O clima não está dos melhores e os motivos todos nós já estamos cansados de ler no noticiário. Sim risco fiscal, esperança do mercado que todo esse componente de risco vá embora em 2025.

Temos um ano pela frente.Sinceramente, estaremos o ano inteiro de olho nesses riscos e no aspecto político da coisa, enquanto o mundo lá fora vai monitorar com um olho os avanços da tecnologia, da inteligência artificial ou seja lá qual for a nova tendência, mas o outro olho estará voltado para os riscos geopolíticos com a guerra da Ucrânia e Rússia e seus efeitos diplomáticos e também com a guerra comercial se intensificando com Trump 2.0.

Riscos no preço. Sem demagogia por aqui, se o risco todo é político e o mercado parece ter entendido que do lado do governo não parece haver muito esforço para conter o rumo das contas públicas, os ativos estão sendo precificados e os riscos sendo embutidos. Isso está refletido na performance dos principais ativos em 2024. Bolsa caindo 10,4% e dólar subindo 28%, sem contar a curva de juros que coloca taxas de 16% para 2 anos.

Um ano ruim para muitos e bom para poucos. Enquanto muitas empresas amargaram perdas no ano, houve quem deu de ombros ao pessimismo e apresentou ótimo desempenho. No total de 86 papéis do Ibovespa, 73 (84%) apresentaram desempenho negativo e apenas 14 (16%) apresentaram desempenho positivo. Se o Ibovespa foi mal, há quem foi pior e quem superou o índice, mesmo com desempenho negativo mas melhor que o índice, 66 (77%) empresas foram melhores que o índice e na ponta negativa, piores que a queda de 10% do Ibovespa, 20 empresas não tiveram um bom ano.

Os ganhadores e os perdedores de 2024. O setor vencedor do ano foi a Indústria, seguida por alimentos e bebidas e depois papel e celulose. Estes foram os únicos em alta no ano, com os demais apresentando desempenho negativo. No hall dos ganhadores temos casos como o da Embraer que subiu 150% (mais que o bitcoin no ano) puxado por um ano espetacular em termos operacionais e financeiros para a companhia. Empresas de alimentos como as do setor de frigoríficos: BRF, Marfrig e JBS se beneficiaram da queda nos preços dos grãos no ano o que trouxe boas margens para as companhias. Casos emblemáticos da indústria como a Weg e de privatizações como o da Sabesp em utilitiestambém tiveram um bom ano em termos de performance. No final do ano, ações que estavam sofrendo com um momento de baixo preço da commodity, caso da Klabin e Suzano do setor de papel e celulose, se beneficiaram da escalada do dólar e acabaram superando o Ibovespa.

No hall dos perdedores, ações ligadas ao mercado interno, principalmente as do setor de consumo e imobiliário não tiveram um bom 2024. Até mesmo as mais resilientes como as do setor financeiro e utilitiesforam engolidas pelo sentimento pessimista do mercado. Em destaque a Azul, que passou por uma reestruturação das dívidas foi o maior destaque negativo do índice com queda de 78% e em seguida a Magazine Luiza amargou 70%, seguida por Cogna e no hall de quedas de mais de 50% outras companhias do setor de consumo.

Feliz ano que vem! O início de ano era para renovarmos as esperanças, mas confesso que o clima do mercado e as expectativas não estão muito positivas para o ano. Primeiro, o fator principal, que é a percepção de risco fiscal no país, tem sido o principal vetor do pessimismo na bolsa brasileira e segundo, os efeitos disso nas expectativas de juros e inflação também já pressionam as empresas que vinham de um cenário positivo em 2024 com resultados resilientes e que vinham reduzindo as despesas com juros, que em 2025 devem voltar a pressionar.

Por isso o clima desta virada de ano e das expectativas para a bolsa são um pouco de “feliz ano que vem”, porque 2025 já está dominado por uma onda de pessimismo. Mas nem tudo é tristeza, meu papel é identificar oportunidades e diga-se de passagem, após cenários de queda e com empresas com fundamentos ainda sólidos, existem diversas barganhas na bolsa e elas estão aí para quem aceita tomar o risco de esperar um cenário positivo no futuro, mesmo que ele esteja só para o ano que vem! Mas isto será um assunto para uma próxima news!


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