Abertura da semana
Os mercados globais começaram a semana em tom misto, primeiro com mercado chinês avançando após o politiburo, principal órgão político da China, se comprometer com uma política fiscal mais proativa e uma postura monetária moderadamente frouxa, o que pode ajudar a estimular a atividade chinesa. Por outro lado, ações de tecnologia puxam para baixo os indicadores em Wall Street, que após uma semana de alta, são pressionados pela investigação de Pequim sobre a Nvidia, aumentando preocupações de intensificação na guerra comercial entre a China e os Estados Unidos.
Por aqui, o otimismo na China ajudou os ativos locais e o Ibovespa mostrou recuperação de uma sexta-feira não muito boa. O destaque ficou para a Vale e ações do setor de siderurgia e mineração, que avançaram fortemente no pregão de ontem, com a ajuda da alta do minério de ferro.
Teremos nessa semana o Copom decidindo Selic nesta quarta-feira e o mercado esperando um aumento de 75 p.b., elevando a taxa básica de juros para 12% em 2024. Mas antes disso, o mercado vai avaliar nesta terça-feira os dados do IPCA, onde as projeções no Relatório Focus para 2025 seguem aumentando e já registram 4,59%.
No exterior, as atenções se voltam para os dados de inflação ao consumidor e ao produtor nos Estados Unidos, antes da decisão do Fed programada para semana que vem. Contudo, independente dos dados de inflação de agora, o mercado não deve esperar mudança nas projeções de corte de 25 bps.
Agora vai, China?
Nesta segunda-feira, o Ibovespa engatou uma alta rara, cerca de 1%, puxada principalmente por papéis do setor de siderurgia e mineração e outros mais atrelados à China. Acontece que a China está desacelerada e o mercado anseia por uma onda de estímulos para que o gigante asiático reaqueça sua atividade. E nesta segunda-feira, acordamos com a notícia de promessas de estímulos econômicos reiteradas pelo governo chinês, o que fez o minério de ferro em Dalian subir 1,57% e o índice Hang Seng avançar mais de 2%.
A notícia foi boa, a China precisa de estímulos, os papéis de commodities por aqui agradecem, mas será suficiente? Sabemos que o setor imobiliário chinês segue com dificuldades e o minério de ferro ainda cai mais de 20% no ano, o que arrastou nossas empresas mais ligadas à commodity por aqui.
Confesso que tenho um pouco de inveja dos chineses... Mesmo em um ano de desaceleração, com notícia de estímulos o índice Hang Seng e o Xangai Composto sobem respectivamente 16% e 15% no ano. E nós aqui caindo 6% em 2024 com pressão pra todos os lados. Mas será que agora, vai? Tenho lá minhas dúvidas, o mercado segue projetando desaceleração para o gigante asiático e nós, por aqui, talvez não vejamos uma demanda por minério tão crescente quanto no passado, o que pode continuar pressionando os preços da commodity.
Novamente o Focus...
Estamos em véspera de Copom e o mercado nesta semana revisou novamente para cima as projeções tanto para 2024 e 2025 de inflação e juros no Relatório Focus do Banco Central. Para 2024, tivemos mais uma alta para 4,84% (+0,13 p.p.) no IPCA e para 12% (+0,25 p.p.) na Selic. Já para 2025 fomos para 4,59% (+0,19 p.p.) no IPCA e para 13,5% (+0,87 p.p.) na Selic. E aí você já sabe, expectativas se deteriorando por conta do risco fiscal, pressionando a curva de juros que no final do dia pressiona nossa bolsa. Mas esta segunda-feira fomos salvos pela China, como falamos acima, mas não é todo dia que temos tido notícias positivas vindo de lá para nos salvar das expectativas deterioradas para o Brasil. Apertem os cintos, pois amanhã teremos ICPA de novembro, com expectativas de alta de 0,4% no mês e de 4,85% nos últimos 12 meses, segundo a Factset. E logo em seguida veremos a decisão do Copom na quarta-feira, com expectativas de alta de 75 p.b. levando a Selic para a última expectativa do Focus de 12%.
Que fluxo é esse?
Os últimos dados da B3 de participação dos investidores na Bolsa, mostraram um fluxo do investidor estrangeiro positivo de R$ 1,7 bilhão em dezembro no acumulado até o dia 5. Fato é que por um milagre chinês estamos positivos nesse início de mês, avançando 1,2%, mas a julgar pelo sentimento do mercado com a bolsa brasileira, e dado o fluxo que vimos no ano passado com o otimismo generalizado do investidor estrangeiro em um outro momento de mundo, em um outro momento de Brasil. Até o dia 5 de dezembro de 2023 já estávamos com R$ 5 bilhões de entrada do estrangeiro, enquanto terminamos o mesmo mês do ano passado com R$ 17,4 bilhões de fluxo positivo do investidor estrangeiro. Será que conseguimos repetir um rali de fim de ano como aquele? Nas condições atuais? Eu tenho lá minhas dúvidas, mas seria muito bem-vindo!