Abertura da semana
A semana começa com índices globais em queda em meio a falas de Trump relacionadas à política tarifária nos EUA, mantendo o prazo dado às tarifas para o México e Canadá. O S&P500 e a Nasdaq reagiram mal ao noticiário além do Bitcoin também ter caído abaixo dos 90 mil pontos. Por aqui, além do humor externo ter piorado para os ativos de risco, o clima interno também não favoreceu com investidores reagindo a falas de Lula relacionadas a programas que devem acelerar os gastos públicos. Para complementar, Haddad afirmou que “ainda não existe um ajuste fiscal possível”.
Mercado hoje vai repercutir o IPCA-15 de fevereiro, que veio abaixo do esperado pelo mercado acelerando 1,23% enquanto o mercado esperava 1,33%. Além disso falas de Fernando Haddad também estão sendo monitoradas em evento em São Paulo. No exterior fica no radar falas de dirigentes do Fed, onde novas pistas sob a política monetária devem ser monitoradas.
Empresas que pagam dividendos ou que reinvestem o lucro – Qual Ação Escolher?
O investidor de longo prazo frequentemente se depara com uma decisão crucial: investir em empresas que pagam dividendos regularmente ou em companhias que preferem reinvestir seus lucros para financiar crescimento futuro. Ambas as estratégias possuem vantagens e desvantagens e entender suas características é essencial para alinhar os investimentos aos objetivos financeiros individuais.
Na newsletter de hoje quero elucidar um pouco esse tema que sempre traz dúvidas e também quero mostrar que não existe escolha certa ou errada nesse caso.
O que me fez lembrar da escolha que os personagens do filme Interestellarprecisam fazer:
i) Ficar na Terra e tentar sobreviver com os recursos existentes ou ii) Explorar o desconhecido em busca de um futuro melhor.

Empresas que pagam dividendos – Ficar na Terra
Ficar na terra e tentar sobreviver com os recursos existentes, pode ser comparado– bem vagamente, me dêema liberdade poética -com empresas que pagam dividendos, uma escolha mais estável, garantindo retorno imediato, mas sem grandes perspectivas de crescimento.
Empresas que distribuem parte de seus lucros como dividendos geralmente são negócios maduros, com fluxo de caixa estável e previsível (no mundo de Interestellar as coisas não estão nada assim, diga-se de passagem). Setores como utilities(energia elétrica e saneamento), bancos e algumas empresas de commodities possuem essas características e o escopo para reinvestir e buscar crescimento para aquém da sua atividade principal acaba sendo mais limitado. Esta conjunção de fatores traz para essas companhias menores oportunidades de reinvestir o dinheiro do acionista, levando-as a distribuir mais dividendos.
Na tabela abaixo exemplificamos cada setor e como estão as expectativas de retorno através dos dividendos (dividend yield) de cada setor da bolsa.

Investir em empresas pagadoras de dividendos também traz um retorno potencial ao reinvestir os dividendos. Veja abaixo como foi a composição do retorno do Ibovespa (que é um índice que considera os dividendos recebidos) entre o retorno da ação no mercado (ganho de capital) e o retorno através de dividendos.


Vantagens de empresas que pagam dividendos:
Renda Passiva:Investidores que buscam fluxo de caixa podem utilizar os dividendos como fonte de renda recorrente.
Menor Volatilidade:Empresas maduras tendem a ter menor oscilação nos preços das ações, tendo em vista sua característica de maior previsibilidade e estágio maduro do negócio, mas claro, isso não significa que essas empresas estão livres da volatilidade do mercado.
Benefício fiscal:No Brasil, os dividendos são isentos de imposto de renda para pessoas físicas.
Desvantagens de empresas que pagam dividendos:
Menor potencial de crescimento: Empresas que pagam altos dividendos podem ter menores oportunidades para expandir seus negócios em sua atividade principal.
Dependência da distribuição dos resultados para o desempenho da ação:Sem o componente de dividendos na composição do retorno dessas ações, o potencial de crescimento e retorno ao acionista acaba sendo limitado dada a maturidade do negócio e o baixo potencial de crescimento dos lucros.
Empresas que reinvestem – Explorando o Desconhecido em busca de um futuro melhor
As empresas que reinvestem seus lucros acabam se tornando hoje em dia mais “atraentes” no mercado, onde a maior parte dos investidores busca companhias com grande potencial de crescimento e retorno. Não à toa, as companhias de tecnologia são as queridinhas do mercado internacional, dada a dominância e tamanho que conseguem atingir em tão pouco tempo, veja o caso da Nvidia, Meta, Apple, Alphabet, Microsoft, entre tantas outras que nos últimos anos ou garantiram sua hegemonia em seus mercados de atuação ou seguiram inovando e tomando relevância em novos mercados.
Veja abaixo como foi o retorno dos índices Nasdaq Composto (que possui em grande parte companhias de tecnologia), S&P 500 (que hoje em dia os maiores pesos são de companhias de tecnologia e o S&P 500 Equal Weighted(que iguala os pesos entre todos os participantes do índice).

O que as grandes empresas de tecnologia que trouxeram toda essa performance para os índices americanos tem em comum? Reinvestem boa parte dos lucros transformando em Capex, P&D e aquisição de novos negócios, mantendo-as inovadoras e competitivas e refletindo em mais lucro e mais crescimento, deixando as teses cada vez mais atraentes.
Vantagens de empresas que reinvestem os lucros:
Maior potencial de valorização: Empresas que expandem seus negócios continuamente podem proporcionar retornos expressivos no longo prazo.
Inovação e crescimento:Reinvestir lucros permite que a empresa se mantenha competitiva e capture novas oportunidades de mercado.
Desvantagens de empresas que reinvestem os lucros:
Maior risco e volatilidade: Empresas em crescimento são mais vulneráveis a oscilações de mercado e aos ciclos da atividade, portanto o alto grau de retorno que vemos em companhias de crescimento traz consigo o risco de execução.
Ausência da renda passiva: Como imaginado, investir em empresas de crescimento é acreditar que essas companhias investirão a sua geração de caixa em atividades que vão remunerar os investimentos a retornos acima da taxa mínima de retorno, o que faz com que em grande parte do tempo o investidor não contará com a distribuição dos lucros, contando apenas com o ganho de capital.