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Matheus Amaral

Publicado 15/out5 min de leitura

Abertura da semana

Com uma semana de agenda econômica mais vazia, os índices em Wall Street seguem renovando máximas históricas, com investidores animados com a temporada de balanços nos EUA após grandes bancos superarem expectativas. Por outro lado, na China os dados fracos da balança comercial e dúvidas quanto aos novos estímulos fizeram as bolsas por lá devolverem os ganhos nesta terça-feira.

Por aqui, o Ibovespa começou a semana em forte alta, avançando 1.000 pontos após notícia de que o governo se prepara para lançar novas medidas para corte de gastos após as eleições municipais. Ontem, o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB, trouxe alta de 0,23%, enquanto o mercado esperava estabilidade em setembro. Os ganhos de ontem foram liderados por bancos e ações de varejo, com destaque para a alta de Assai, que anunciou que a Receita Federal cancelou o arrolamento bilionário.

Na semana, o mercado fica de olho nos balanços de bancos como Bank of America, Citigroup e Netflix, além da decisão de juros pelo Banco Central Europeu. Por aqui, veremos o índice de preços ao consumidor, o IGP-10 e a sondagem industrial.

Protegendo quem você ama

Estamos vivendo em tempos um tanto quanto catastróficos, o aquecimento global já mudou para ebulição global, que consiste no aumento acelerado das temperaturas resultando em uma série de eventos climáticos imensuráveis ou até mesmo imprevisíveis.

Não vou citar exemplos, pois imagino que você esteja inteirado com o noticiário global e não é o tema central desta newsletter hoje. Mas você está por dentro né? Secas prolongadas, queimadas, recorde de enchentes, ondas de calor recorde no hemisfério norte e o famoso derretimento dos polos em velocidade acelerada.

Enfim, como esta newsletter é sobre bolsa, nossos interesses aqui são profit oriented(orientados pelo lucro), tal qual a distopia vivida em “Vamos Comprar um Poeta”, livro do autor português Afonso Cruz, no qual as famílias têm artistas ao invés de animais de estimação e cada espaço vivido possui um patrocinador, as pessoas se chamam por números e não por nomes e tudo é medido com exatidão, tudo é economicamente vivido, financeiramente pensado e friamente sentido. Vale a leitura.

Portanto, quando falo de desastres climáticos, lembro de estarmos não só protegidos fisicamente – é preciso estar vivo - mas patrimonialmente protegidos. Nesses tempos catastróficos é sempre bom contar com um seguro de carro, casa, vida e etc. E os negócios também asseguram suas operações, seu patrimônio e etc.

É aí que eu te pergunto, tal qual um agricultor que protege o preço da sua safra ao comprar um contrato futuro – e diga-se de passagem, a beleza dos derivativos está em proteger operações e balanços e só um pouco em especular – você já pensou em proteger seus investimentos?

Isso mesmo, no mercado de derivativos (contratos que derivam de um ativo específico, seja moeda, commodity, ações, juros entre outros), existem diversos instrumentos como opções, futuros, termo, que se mostram uma boa ferramenta para assegurar seus investimentos da volatilidade dos mercados.

É claro, é um ambiente complexo, arriscado, você precisa entender o bicho muito bem para saber domesticá-lo e usá-lo ao seu favor. Para isso existe sua corretora e uma mesa de operações pronta para te ajudar, conte com ela.

Pois bem é aqui que chego de fato no tema desta newsletter.

Você já ouviu falar em proteção de açõesatravés de opções?

Proteger suas ações, as suas queridinhas do portfólio, é como proteger seus bens mais preciosos. Claro como qualquer seguro, existe um custo - não existe almoço grátis – ou como a Faria Lima gosta de dizer – there’sno free lunch.

Imagina você que gosta de boas ações e elas estão sempre caras – é o famoso caro que fica sempre mais caro – mas mesmo assim não quer deixar de comprá-las porque você acredita na tese. Mas existe um medo, aquele medo de acontecer algum evento no mercado, ou mesmo com a empresa que ela passa a entrar em um momento de queda.

O que você faz?Muita gente aproveita para comprar e fazer aquele preço médio – eu costumo chamar “preço médio” de outro nome, mas não convém escrevê-lo por aqui. Mas tem gente que está ok com sua posição e não quer comprar mais, mas gostaria de se proteger caso elas caíssem muito.

Pois bem é aí que você pode fazer um hedge, ou melhor, uma proteção no bom português, para o seu investimento.

Vamos à prática?

Em benefício do seu tempo, vou citar uma maneira dentre tantas outras que existem no mercado que você pode se proteger.

Comprando um seguro na prática via Compra de Opção de Venda.

Vamos supor que o investidor chamado Galeão Cumbica (Saudoso personagem da Escolinha do Professor Raimundo interpretado por Rony Cócegas) investe em ações da Embraer. Diga-se de passagem, um sucesso este ano não é mesmo? Os papéis já subiram mais de 100% só em 2024.

E Galeão Cumbica, investidor de longo prazo, quer manter essa posição no seu portfólio e não quer se desfazer tão cedo. Mas tem medo de uma correção mais severa do papel.

As ações negociam a cerca de R$ 45 hoje (para facilitar a conta), e lá no início do ano Galeão Cumbica comprou 100 ações a R$ 20, você já tem um ganho de R$ 25 com essa ação, ou seja seus R$ 2.000 investidos lá atrás, hoje estão valendo R$ 4.500.

Maravilha! Mas você quer proteger esse ganho e viu que existe uma forma de proteger seu investimento comprando opções de venda da Embraer. Mas vamos dar um passo atrás. Que papo é esse de opções, Willis?

Opções são contratosderivativos, que te dão o direitode comprar ou vender um ativo, neste caso do exemplo, será uma ação, a um determinado preço (strike) com vencimento definido. Ou seja, existe um prazo e ao final desse prazo, elas expiram com você podendo exercer este direito ou elas valendo zero e “virando pó”.

Portanto, comprar uma opção seja ela de compra ou de venda é pura e simplesmente comprar um direito e elas valem um preço por isso, que é chamado de prêmio (a diferença entre o valor da ação e do strike).

Como um seguro, você paga um valor baixo para proteger um bem caro, que eventualmente possa sofrer algum sinistro.

Voltando ao exemplo. Galeão Cumbica consultou sua corretora e viu que existe uma opção de venda de Embraer com strike (preço de venda no exercício) de R$ 45,00 com validade de 3 meses (dezembro) sendo vendida a R$ 2,00.

Ou seja, para se proteger de uma eventual queda nos papéis da Embraer uma opção que protegeria o preço de hoje está custando R$ 2,00, lembrando que Galeão Cumbica investe em 100 ações da Embraer. Logo, seu seguro custaria para ele R$ 200,00, ou 4% do seu investimento total hoje.

Resultado da Opção. Se no vencimento, a ação da Embraer ficar em R$ 45,00 ou acima disso, essa opção não vale mais nada e Galeão Cumbica pagou R$ 2,00 por opção (R$ 200 o total para 100 ações) para ficar protegido. Faz parte, é como pagar um seguro e não usar. Lembre-se, o direito era de vender o papel a R$ 45,00 e ninguém quer vender a R$ 45,00 um papel que vale isso ou mais no mercado, logo ele não exerce o direito e as opções no mercado valem pó, ou zero.

Mas se a ação cair? Se no vencimento a ação da Embraer cair, por exemplo, para R$ 20,00, os investidores da Embraer provavelmente estariam muito tristes. Ainda mais quem comprou a R$ 45,00. Mas Galeão Cumbica pode dormir tranquilo, já que ele tem uma opção de vender a R$ 45, uma ação que no mercado chegou a R$ 20,00.

Logo, sua opção que pagou R$ 2,00 no vencimento vale R$ 25,00. Ele pode exercer o direito que ele tem de vender a R$ 45,00 assim desembolsando R$ 4.500,00. Claro, há de se considerar que ele gastou R$ 200,00 para se proteger, ficando com um total de R$ 4.300,00. Protegido e feliz em ter feito um seguro.

Veja no Gráfico abaixo como fica todo o operacional e valor financeiro da operação, seja da opção individualmente ou da operação financeira como um todo.

O custo no longo prazo. Você percebeu que há um custo nisso, claro que é preciso considerar se no longo prazo esses custos não estarão minando o retorno total do investimento nas ações. Para isso existem operações estruturadas, como o zero cost collar, por exemplo, onde você consegue se proteger da volatilidade a custo zero utilizando sua posição.

Existem inúmeras possibilidades, para proteger sua posição, contudo, é sempre importante entender os riscos, consultar as condições e como a operação está sendo montada para no final fazer como Galeão Cumbica, ficar tranquilo em momentos de volatilidade.

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