Renda Fixa


O cenário mudou para a renda fixa?

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Rafael Winalda

Publicado 12/fev

O cenário mudou para a renda fixa?

O ano de 2025 já começou a todo vapor, janeiro já se foi e eu já vejo os bloquinhos de carnaval se movimentando. E não bastasse tudo isso, ontem eu fui ao supermercado e já me deparei com o começo das vendas de ovos de páscoa. O tempo está passando e tudo andando muito rápido, tudo mudando.

Depois desta introdução bem mais ou menos, coloco aqui para vocês uma pergunta: o cenário para a renda fixou mudou desde as nossas últimas conversas? Nesta News de renda fixa vamos explorar um pouco deste tópico, a decisão do Banco Central no último Copom, a inflação atual e suas expectativas, o que tem acontecido com os juros e, é claro, como tal cenário deve impactar nos seus investimentos.

Boa leitura!

A inflação, expectativas e o Banco Central

Como geralmente eu escrevo a News na terça-feira, um dia antes de ser publicada, foi exatamente no dia em que o IPCA de janeiro foi divulgado, avançando 0,16% m/m, com 4,56% acumulado 12 meses, ficando, portanto, ainda bem acima da meta de 3% estipulada. Isso ainda considerando que o qualitativo da inflação ainda não é dos melhores, principalmente com os itens de alimentos gerando bastante pressão.

A economia permanece resiliente, o que impacta diretamente na inflação, que como demonstrado também permanece em tendência altista. Mas se não fosse o bastante, as expectativas de inflação não param de subir. Observe o gráfico dos números esperados para cada ano do relatório Focus.

É claro, existem alguns itens pontuais que têm impacto na inflação, como o acionamento das bandeiras em 2024 que elevaram brevemente a conta de luz. Tivemos também muita volatilidade nos preços dos combustíveis, além da variação cambial, com o dólar influenciando diretamente nos preços. Entretanto, um dos principais motivos ainda desta inflação mais persistente é o impulso fiscal, isto é, os gastos do Governo.

Como o resultado fiscal tem se deteriorado nos últimos anos, vemos impacto direto nas expectativas de inflação. Uma das alternativas para solucionar essa questão é por meio da elevação dos juros, desaquecendo então a economia e fazendo com que a inflação recue ou ao menos estabilize.

Unindo estes pontos com a ultima decisão do Banco Central em aumentar os juros, passando a Selic agora para os seus 13,25% e praticamente endereçando outra alta de 100 bases points (+1%), entendemos que o cenário ainda é de juros crescentes, até que a inflação demonstre sinais claros de que irá convergir para os 3%. Mas quando isso acontecerá? Não sabemos. Talvez ninguém saiba. O que podemos fazer é observar o mercado de juros e se posicionar...

Os juros no Brasil

Bom, anteriormente falamos sobre Selic e expectativas, então vide os gráficos abaixo tratando o tema:

Mas de modo geral, o que tem acontecido no mercado de juros brasileiro em 2025 ainda é uma tendência de alta, conforme observado na linha laranja do gráfico de expectativas. Até para melhor exemplificar isso, fazemos um gráfico que pega a média das taxas do IPCA+ com vencimento superior a 10 anos. Você pode perceber que o atual nível se assemelha ao biênio de crise vivenciado em 2015-16, onde a situação era bem complexa.

Quando observamos as outras principais curvas do mercado, curva de juros futuros, curva pré, a própria curva real, todas estão em patamares bem elevados e com uma alta volatilidade. Acreditamos que este cenário não deve mudar no curto prazo, pelo menos até meados de 2025, ou até a inflação ceder.

O mercado, por sua vez, vem precificando uma alta bem mais elevada nos juros do que o próprio Focus, chegando a ultrapassar os 15% ainda este ano.

E a renda fixa?

Neste cenário ainda de alta de juros os ativos pós fixados devem continuar performando melhor no curto prazo. Os ativos que possuem taxa pré ou parcialmente pré tendem a continuar sofrendo com a marcação a mercado negativa, prejudicando o desempenho.

Entretanto, como demonstramos ao longo deste relatório, muito dos ativos estão em taxas recordes, o que certamente devemos considerar na alocação. Para quem não gosta de se aventurar em vértices muito longos, o IPCA+ 2029 pode ser uma alternativa. Mas reforçamos que a 2045 apresenta uma oportunidade para aqueles que buscam um retorno real por um longo período de tempo e disponibilizam de um horizonte maior de investimentos.

Os ativos pré são bastante voláteis, o que pode representar perdas de curto prazo caso exista a necessidade de sacar antecipadamente, então vale a moderação neste caso. Por fim, o crédito privado também tem apresentado taxas bem interessantes, com boas oportunidades, mas o investidor tem que está ciente dos riscos que corre, especialmente no que diz respeito ao emissor do papel. Sempre bom lembrar que quanto maior a promessa de retorno, maior o risco.

Dica cultural

Voltando para séries nesta semana, uma que tem prendimento a minha atenção é Origem. É uma trama de terror onde algumas pessoas ficam presas em um vilarejo. Situações estranhas acontecem e muitos tentam sair da situação a todo custo. Outros nem tanto. Me digam depois o que vocês acham que está por trás de todo esse mistério.


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