Ninguém vence um paciente.
“Scrollando” o reels em um dia qualquer acabei vendo um vídeo que parece ser destes virais, onde um homem argumenta que ninguém vence um paciente. Acabou me inspirando para o título desta News, visto que os retornos dos investimentos atrelados ao IPCA+ amargam perdas ou uma rentabilidade decepcionante no curto prazo.
Entretanto, ao nível em que as taxas se encontram hoje acreditamos que é uma excelente alternativa para o longo prazo. O investidor precisa ser paciente no curto prazo. Assim, nesta News vamos tratar da alta dos juros, o impacto na renda fixa e o que esperar no longo prazo.
Boa leitura!
Decisão do Banco Central, juros e expectativas.
Como esta News é divulgada na quarta-feira pela manhã, ainda não sabemos qual será a decisão do Banco Central. É uma das decisões mais importantes dos últimos tempos, uma vez que será a primeira presidida pelo mais novo presidente, Gabriel Galípolo. Além disso, o mercado estará atento em como o colegiado irá votar, se de forma unânime, com divergências, divisões, etc.
Como destacamos em um conteúdo na semana passada, conforme o time de macroeconomia do Inter, acreditamos em uma alta de 100 pontos base, com a Selic atingindo os 13,25%. A justificativa se dá pelo atual nível da inflação, sem sinais de desaceleração, muito pelo contrário. Alimentos têm sido um item de contribuição elevada, bem como transporte. As expectativas seguem a mesma linha, não param de subir.

Com essa mudança do cenário, economia mais forte e inflação mais alta, vimos esta guinada da politica monetária, culminando nos atuais 12,25% da Selic. Como se não fosse o suficiente, tivemos também muita volatilidade no caminho. As curvas de juros futuros seguem bastante estressadas, o que levou a retornos de ativos pré ou parcialmente pré a terem quedas consideráveis.

É claro que existem vários outros pontos que poderíamos discorrer aqui, como câmbio, cenário externo, Trump, China e gastos do Governo. Este último tem sido um dos principais catalisadores de volatilidade nos juros. Existem atualmente muitas questões quanto à dinâmica de crescimento econômico vis-à-vis a sustentabilidade da dívida pública.
O impacto no IPCA+
Eu não quis agregar todos os gráficos abaixo em um único para que você possa observar perfeitamente o comportamento dos índices. O IMA-B é um índice da Anbima que mede a performance do IPCA+, em diferentes cortes, como o B5, que compila todos os títulos com vencimento inferior a 5 anos, ou o 5+, que compila os de vencimento superior.

É fácil de comprovar que o retorno do IPCA+ no curto prazo tem sido decepcionante, principalmente se você adquiriu algum com vencimento mais longo, uma vez que a marcação a mercado pesa ainda mais nestes títulos.
Como nós argumentamos, não de hoje, os juros tendem a continuar subindo, o que prejudica a performance de curto prazo. Onde os juros futuros e a Selic vão parar? Não sabemos, ainda tem “muita água para rolar”. Então por que comprar o IPCA+ neste momento?

Bom, se quando as taxas aumentam os títulos têm marcação negativa, é de se esperar que quando temos o melhor momento para se comprar, ou seja, quando as taxas estão de fato altas, o retorno 12 meses bem provavelmente estará muito aquém da Selic.
Representando graficamente, ao unir os dois últimos gráficos, você percebe a elevação dos prêmios (IPCA+ subindo) e o retorno caindo vertiginosamente.

Porém, ninguém ganha do paciente no longo prazo. Use o tempo a seu favor. Ampliando a janela para desde 2018, os mesmos índices têm um retorno acima da Selic por longos períodos. Assim, foque no longo prazo, em janelas maiores.

Dica cultural
Aproveitando o gancho do tema da semana, a recomendação da dica cultural vai para o livro: A guerra dos chips: A batalha pela tecnologia que move o mundo de Chris Miller. A obra retrata a dinâmica da indústria global de semicondutores, sua importância, os conflitos geopolíticos e os desafios de toda a cadeia produtiva. Boa leitura!