Renda Fixa


Inter News - Renda fixa

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Rafael Winalda

Publicado 09/out

Moody’s eleva nota do Brasil, e agora?

A agência de rating Moody’s elevou a nota de risco soberano do Brasil. Mas afinal o que isso significa? O que é uma agência de rating? Para que essas notas servem? Isso pode beneficiar o Brasil? Como? Qual é a classificação? E os critérios? Eu posso ganhar dinheiro com isto?

Acredito que você foi bombardeado com a notícia da elevação (se não sabia, agora fica sabendo) e talvez algumas destas perguntas passaram por sua mente. Outros podem se recordar quando o Brasil foi considerado investmet grade pelas principais agências de rating, o que acabou levando a uma onda de investimentos, dinheiro e crescimento.

Aí fica a pergunta, isso pode acontecer de novo??

O que são agências de rating? Onde vivem? O que fazem?

Brincadeiras à parte, de modo geral, as agências de rating são empresas independentes que avaliam o risco de credito (risco de inadimplência, o famoso calote) de países, estados, empresas e outros. A partir de várias análises, no caso de um país, por exemplo, essas agências estudam como o faturamento é gerado, qualidade de arrecadação dos impostos, crescimento do PIB, tamanho e qualidade da dívida, probabilidade de pagamento ou não e outros. Isto feito, as agências atribuem uma nota, algo como um selo de bom ou mau pagador.

Na tabela abaixo demonstramos as notas das três principais agências do mundo. Na parte superior estão as melhores notas, alta qualidade de credito, ou seja, dando o aval de bom pagador, ao passo em que conforme a nota vai diminuído o risco vai aumentando.

Além da nota, existe um outro tipo de categoria, um subconjunto, no qual o Brasil é classificado dentro de especulação por todas as agências. Entretanto, com a elevação da nota pela Moody’s, o Brasil fica a um passo de ser “promovido” ao que é chamado de grau de investimento, que possui um risco médio, tornando-o um pagador intermediário.

Conquistar o “selo” de grau de investimento é muito importante, uma vez que existem muitos fundos soberanos, fundos de investimentos, empresas e outras estruturas que só podem investir, segundo seus próprios estatutos, em países que possuem o grau de investimento.

O que falta para o Brasil ter o grau de investimento?

Bom, segundo a metodologia destas agências, vemos que o Brasil precisaria ter um desempenho fiscal melhor, no qual pudéssemos observar uma estabilização da dívida pública. Atualmente, os gastos têm sido maiores do que a arrecadação, o que por sua vez impacta no crescimento do endividamento.

Outro ponto é continuar crescendo. Vivenciamos alguma reformas recentes, com impactos positivos direto em nossa economia, e estamos passando por outras, como a reforma tributária, que detém também grande potencial. Assim, um bom crescimento do PIB implica em aumento de renda, aumento do consumo, aumento dos investimentos, tornando a situação mais confortável, em termos de risco de credito.

Porém, um parêntese que abro nesta News, uma vez que é uma opinião minha. Vejo que o investidor estrangeiro tem um otimismo maior com a nossa economia do que o investidor local. A elevação do rating pela Moody’s é um dos pontos que reforça um pouco esta visão. A entrada de capital estrangeiro na bolsa, considerando meados de 2023 até então também contribui para a consolidação desta visão. Essa opinião também é compartilhada nos nossos comitês e agentes atuando diretamente no exterior.

Já o investidor local permanece bastante cético, quiçá pessimista. Um dos pontos em que me sustento são as expectativas, conforme relatório Focus. Nos gráficos abaixo notamos que as expectativas para inflação não param de subir, bem como a Selic, que são variáveis importantes e impactam diretamente o desempenho da economia.

Entendo que o ceticismo advém do resultado fiscal, que de modo geral tem sido abaixo das expectativas do mercado. Embora o Governo tenha se esforçado para estancar a situação, principalmente do lado da receita, não se tem observado a mesma motivação em relação aos gastos. Mas é só uma opinião e encerro este parêntese.

E como isso poderia impactar a renda fixa?

Em parte, nós já adiantamos, visto que com um selo de bom pagador, considerando então o grau de investimentos, muitos veículos poderiam considerar o Brasil como uma opção para o seu portfólio. Dinheiro entrando, investimentos e o resultado: crescimento e crescimento. Oportunidades tanto para a renda fixa, quanto bolsa e outras estruturas. Um mar de possibilidades!

Essa situação ocorreu entre 2008-09, quando foi conquistado o grau de investimentos e vimos um maior entusiasmo do investidor estrangeiro e maior desempenho da economia nos anos seguintes. Bons tempos!

Em resumo, poderíamos observar uma redução no custo de financiamento, até mesmo das empresas nacionais, melhora das condições de crédito, atração de investimento, é claro, estabilidade econômica e fortalecimento do real, visto a entrada de fluxo de capital.

Dica cultural

A dica de hoje vai para o livro Ciclos de Mercado, do grandíssimo Howard Marks. É uma leitura que aborda os altos e baixos do mercado financeiro, com uma linguagem clara e bem acessível, mas carregada da vasta experiencia de um dos maiores investidores de nossa era. O livro te ajuda a reconhecer momentos de euforia e pessimismo, lhe oferecendo uma abordagem mais estratégica, que pode ser bem útil para o nosso momento atual.

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