Mercado aquece na margem e segue resiliente
O preço dos imóveis residenciais no Brasil apresentou nova alta em dezembro, com dados do Fipezapindicando variação de 0,66% no mês e 7,73% nos últimos 12 meses. Simultaneamente, nosso indicador composto de preços aponta variação de 9,40% em 12 meses referente a novembro. Aluguéis avançaram 0,93% em dezembro e 13,50% nos últimos 12 meses, continuando o ritmo de desaceleração e indo em convergência com o aumento de preços.

As condições de crédito apresentaram melhora na margem, com queda na inadimplência de pessoas físicas em 0,2p.p. para o menor nível da série histórica. Concessões PF em dezembro desaceleraram na margem, com avanço no A/A em 23,6% contra os 24,3% registrados em novembro mas ainda em patamares historicamente sólidos. A taxa de juros das concessões de financiamento imobiliário PF apresentou alta de 0,35p.p. em dezembro em linha com o ritmo de aperto monetário promovido pelo Banco Central, enquanto o juro médio da carteira de financiamentos segue estável, ligeiramente abaixo da taxa das concessões.

INCC acelera, com qualitativo misto
O INCC apresentou alta de 0,51% em dezembro acumulando variação de 6,84% em 12 meses, contra os 4,83% registrados no IPCA e seguindo abaixo dos 9,40% registrados na média de preços de imóveis. A contribuição foi aproximadamente igual entre os componentes de materiais e mão-de-obra, cujo custo cresceu 0,51% e 0,49% no mês respectivamente, e ocorre num contexto de arrefecimento na margem para a difusão dos custos de trabalho ao mesmo tempo em que os materiais indicam pressões maiores de inflação, em meio à consequências do repasse cambial para as construtoras.

EUA: melhora na construção, mercado ainda fraco
Em dezembro vimos uma variação mensal de 3,6% e 15,8% no volume vendas e das licenças de construção, respectivamente, num contexto de retomada do volume de casas em fase de construção, que aumentou 12,8% entre novembro e dezembro. Ainda assim, o volume de casas em situação de pré-construção segue próximo das mínimas de 10 anos, gerando desafios para uma expansão mais robusta da construção americana que segue cerca de 13% abaixo dos níveis atingidos no início de 2022.
Em linha com o movimento do título de 10 anos, as taxas hipotecárias subiram 26p.b. entre dezembro e janeiro, indo de contramão com o ciclo de afrouxamento monetário promovido pelo Fed que foi pausado temporariamente no primeiro FOMC do ano, motivado por expectativas menos ancoradas de inflação no médio prazo em conjunto com maiores preocupações fiscais com o novo governo.
Nos preços de imóveis, notamos variação mensal de 0,44% no Case-Shiller e -1,08% no nosso indicador composto para novembro, enquanto o Realtor indica outra queda, de -0,33%, para dezembro. Enquanto isso os aluguéis mensurados oficialmente devem manter arrefecimento ajudando a tendência de desinflação, com a Zillow apontando variação anual de 3,45% contra os 4,28% registrados no indicador da BLS, que é mais defasado. Apesar de termos percebido indícios de ressurgimento pontual nos preços regionais americanos, o giro de estoque imobiliário permanece historicamente fraco, e deve permanecer de tal modo enquanto as condições de financiamento continuarem desfavoráveis do lado da demanda, e enquanto o pipeline de casas finalizadas permanecer alto do lado da oferta.


