Taxa de desemprego recua para 8,7% no terceiro trimestre
Após 8a queda consecutiva, resultado mostra robustez do mercado de trabalho brasileiro. Essa é a menor taxa de desemprego desde o trimestre findo em julho de 2015. Frente ao segundo trimestre do ano, a taxa caiu 0,6 p.p. Já quando comparado ao mesmo trimestre do ano passado, a queda foi de 3,9 p.p, indicando crescimento de 6,3 milhões de pessoas ocupadas. Esse fenômeno reflete o maior dinamismo das atividades de serviços, que vem liderando o crescimento econômico e melhor ambiente para contratações, fruto das recentes reformas, incluindo a trabalhista.
A população ocupada avançou 1,0% no trimestre e alcançou 99,3 milhões de pessoas, mais um recorde para a série histórica. O nível da ocupação, que mede o percentual de ocupados na população em idade de trabalhar atingiu a melhor taxa desde 2015, estimado em 57,2% (+0,04 p.p).
Redução da taxa de desemprego no trimestre se deve exclusivamente ao mercado de trabalho formal. Enquanto o contingente de trabalhadores com carteira assinada cresceu 1,3%, a população ocupada informal recuou 0,4%. Com resultado, apesar da performance mais positiva de serviços e de comércio – setores que naturalmente empregam um contingente maior de informais - a taxa de informalidade recua pelo quinto trimestre móvel consecutivo, atingindo 39,4%.
Número de ocupados por serviços públicos e “outros serviços” são destaques no trimestre
Performance do setor público pode ser justificada principalmente pela retomada do ensino presencial, enquanto “outros serviços” têm sido beneficiados pela retomada da demanda por serviços financeiros e imobiliários. Por fim, com o aumento da demanda por transporte de carga causada pelo crescimento do e-commerce e pela performance bastante positiva da safra de inverno, o contingente de ocupados por transporte subiu 2,3% no trimestre e 9,2% no ano.
Entre os segmentos do setor privado, o ritmo de novas contratações no comércio e em alojamento e alimentação desacelera
O segundo trimestre havia sido muito positivo para esses setores, tendo em vista que foram desproporcionalmente afetados pelas políticas de restrição à mobilidade devido à pandemia. O contingente de ocupados de alojamento e alimentação recuou 2,1% apesar de ainda estar 6,4% abaixo do patamar pré-pandemia, sinalizando lentidão na recuperação das perdas sofridas durante a crise.
Com arrefecimento da inflação no trimestre, o rendimento real habitual médio cresceu 3,7%
O rendimento nominal tem subido desde o início de 2022, entretanto, não o suficiente para compensar a elevada inflação observada durante esse período. Com o processo de desinflação nos últimos meses, o crescimento dos salários, pela primeira vez desde 2020, ultrapassou o da inflação na comparação anual.
Massa real de rendimento habitual cresce 10% no ano, e atinge o maior patamar da série histórica. Leitura é consequência do aumento significativo do número de ocupados e dos rendimentos reais no período. Essa melhora na renda agregada deverá impedir uma desaceleração mais forte do PIB no próximo ano, mesmo diante dos efeitos defasados da política monetária contracionista.
CAGED mostra criação de 278 mil vagas de emprego formal em julho
Em linha com a expectativa, a criação de empregos formais no CAGED permanece em patamar elevado em setembro. O número de admissões e desligamentos desaceleram no último mês para 1,93 e 1,65 milhões respectivamente. Com o resultado, o estoque de vagas abertas totalizou 42,8 milhões, superando em 4,4 milhões o patamar pré-pandemia.
O crescimento do mercado de trabalho formal foi disseminado entre todas as categorias do CAGED. Serviços, após registrar 122,56 mil novos postos, principalmente devido ao impacto de TI, atividades financeiras e imobiliárias (+ 59 mil) – o grupamento menos dependente da mobilidade – permanece sendo o setor que mais contribuiu positivamente no mês. Comércio teve o segundo maior aumento, com a criação de 57,97 mil postos.
Estoque de empregos em construção (+31,2 mil) variou 1,3%, apresentando o maior crescimento no CAGED em termos relativos
Performance bastante positiva do setor corrobora o aumento expressivo do investimento no Brasil. Por fim, a criação de empregos pela indústria (+56,9 mil) segue robusta, e é majoritariamente explicado pelo comportamento da indústria de transformação (+54,12 mil).
Desde fevereiro de 2020, o setor de serviços foi responsável em criar mais de 2 milhões de empregos formais
Apesar de ter sido mais impactado com a crise e com as políticas de restrição à mobilidade, os serviços têm sido, com folga, o principal motor por trás do crescimento do mercado de trabalho formal. Entre as categorias que compõem esse setor, o saldo de admissões em “informação e comunicação” foi o que mais se expandiu, enquanto o saldo de serviços prestados às famílias não retomou ao patamar pré-pandemia, indicando que ainda há espaço para novo crescimento à frente.
Após três meses de alta consecutiva, o salário médio real de admissão apresentou queda marginal
Esse resultado indica que, apesar do elevado crescimento no mercado de trabalho, a oferta de mão de obra não está escassa o suficiente para gerar uma pressão altista significativa nos salários. Por outro lado, o salário médio real de desligamento apresentou alta de 1,7%, sinalizando que a perspectiva daqueles que já estão empregados está mais otimista.
Segundo dados do Salariômetro da FIPE, apenas 24,9% dos reajustes salariais em setembro ficaram abaixo do INPC
Essa é a melhor leitura desde 2020, e pode ser justificada tanto pela queda da inflação quanto pela melhora da demanda das empresas. A proporção de reajustes acima do INPC cresceu 4 meses consecutivos, atingindo 41,8%.
Vale ressaltar que a FIPE projeta que o INPC finalize o ano em 5,8% no acumulado de 12 meses, o que representa uma forte desaceleração ao considerar que na última leitura de setembro esse indicador acumulou alta de 8,8% no ano.