Taxa de desocupação encerra 1º trimestre do ano em 7,9%
O resultado ficou abaixo da expectativa de 8,1% e 0,9 ponto percentual abaixo do mesmo trimestre de 2023. Na série com ajuste sazonal o desemprego caiu de 7,7% para 7,5% no trimestre findo em março, indicando que o mercado de trabalho continua apresentado tendência de melhora, mas sem sinais de super aquecimento.
A população ocupada foi de 100,2 milhões, uma queda na margem (-0,05%), mas apresentando 2,43% de crescimento no ano. O primeiro trimestre do ano é marcado pela sazonalidade, com a redução da população ocupada devido à dispensa dos trabalhadores temporários contratados para as festas de fim de ano. A variação da população desocupada foi de 1,03%, 1,22 p.p. abaixo em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Os empregos informais avançaram 0,9% no trimestre e 2,34% no ano, mas observa-se um crescimento mais consistente e estável em 0,15% nos empregos formais, com alta de 1,7% no ano.
A taxa de participação na força de trabalho ficou em 61,9%, leve queda na margem, mas apresentando estabilidade na série com ajuste sazonal. Já a taxa composta de subutilização foi menor tanto em relação ao trimestre findo em dezembro quanto ao mesmo trimestre de 2023, ficando em 17,6% na série ajustada. Além disso, a força de trabalho potencial em proporção da PEA está menor que a do ano anterior, apesar de ter subido 0,48 p.p. no trimestre, ficando em 6,4%. Com isso, vemos que o mercado de trabalho segue bastante aquecido e com baixa capacidade ociosa e a taxa de participação sinaliza uma estabilidade nesse novo patamar abaixo do período anterior a pandemia, refletindo uma nova realidade.
No trimestre, a atividade agropecuária teve um maior crescimento de pessoas ocupadas (1%), enquanto em transportes houve queda de 2,25%. Contudo, serviços segue sendo o setor mais aquecido nos últimos 12 meses, com crescimento anual de 4%, enquanto a indústria é o único setor com queda de população ocupada (-1,13%).
A massa real de rendimento habitual apresentou a primeira queda desde abril de 2023, com crescimento anual de 6,6% acima da inflação, 4,2 p.p. abaixo do mesmo trimestre do ano passado. O rendimento efetivo desacelerou no trimestre e está com crescimento anual real de 6,9%. Apesar de estar na máxima histórica, os dados no trimestre refletem certa perda de dinamismo no crescimento da massa salarial, o que pode ser um sinal de alívio para a política monetária, indicando que, apesar dos números robustos de emprego, a pressão inflacionária não está crescendo na margem.
O rendimento médio também apresentou primeira queda após 9 meses, variando 4,2% no ano contra os 7,1% em março de 2023. Os salários ainda se encontram abaixo da tendência de longo prazo, com uma tendência de recomposição e apresentando algum ganho de produtividade. Os setores de serviços e comércio ambos apresentaram crescimento de 1%, enquanto construção e indústria tiveram queda respectiva de 0,6% e 0,1%. Na comparação anual, serviços continuam tendo maior pressão salarial, crescendo 6,3% acima da inflação.
Pelo levantamento da FIPE, o reajuste mediano dos salários em março continuou sendo de 5%, estando 1,1 p.p. acima da inflação. A proporção de reajustes acima do INPC caiu 0,7 p.p. no mês, enquanto os reajustes iguais subiram de 6,5% para 8,5%.
Setor formal criou 244,3 mil vagas em março
Mais uma vez os dados do Caged vêm acima do esperado pelo mercado. Com o resultado, o saldo de emprego no ano está em 182 mil empregos a mais do que em março de 2023, mas comparando o acumulado em 12 meses vemos desaceleração em relação ao ano passado. O setor de serviços continua sendo o que mais gera empregos (+148,7 mil), enquanto na agropecuária houve uma destruição de mais de 6 mil vagas. Indústria e comércio seguiram aquecidos e construção apresentou redução na margem.
Já os salários de admissão ficaram relativamente estáveis no mês e a alta no ano está em média de 2,7% acima da inflação, o que está em linha com o ganho real do salário mínimo no período.