Taxa de desemprego sobe de 8,6% para 8,8%
A alta ficou acima da expectativa do mercado e indica continuidade da tendência de desaceleração do mercado de trabalho. O resultado foi referente ao trimestre de janeiro a março de 2023. Na comparação com o trimestre de outubro a dezembro de 2022, a taxa de desemprego aumentou 0,9 ponto percentual, e 2,4 p.p frente ao mesmo trimestre de 2022, deixando clara a tendência de desaceleração do mercado de trabalho. A mesma tendência se observa nos dados do CAGED, que em março registrou a adição de 195 mil empregos com carteira de trabalho na economia, abaixo dos 242 mil adicionados em fevereiro. Entretanto, o resultado do CAGED veio acima do esperado, mostrando que, apesar da desaceleração, o mercado de trabalho continua robusto. Convém ressaltar que o CAGED se restringe ao universo dos trabalhadores formais, enquanto a PNAD contempla todos os trabalhadores da economia, portanto, é natural haver discrepâncias entre os dados.
Aumento do desemprego é explicado principalmente pela redução no contingente de ocupados. Tal estoque atingiu 97,8 milhões, uma queda de 1,5 milhão de pessoas frente ao último trimestre. O contingente de desocupados também aumentou, em 860 mil pessoas frente ao trimestre anterior, alcançando 9,4 milhões de pessoas desocupadas. Dessa forma, observamos uma redução da oferta de trabalhadores e na taxa de participação, um indicador negativo para a atividade à frente. Além disso, a redução na taxa de participação pode manter a pressão inflacionária nos salários.
Desaceleração do mercado de trabalho é disseminado entre todas as atividades, mas perda de empregos relacionados à administração pública foi destaque. A quantidade de empregados no setor apresentou queda de 415 mil. Na sequência, comércio apresentou a maior queda, de 294 mil pessoas. Em termos relativos, o setor com o pior desempenho foi o de outros serviços, cuja queda de 231 mil pessoas representa 4,5% da força de trabalho do setor.
Comércio e agricultura lideram as perdas. Comércio registrou queda de 111 mil empregos e agricultura de 103 mil empregos. Construção mostrou queda pelo 6o trimestre consecutivo, registrando a demissão líquida de 71 mil empregados, refletindo a contração do mercado de crédito. Por outro lado, Informática e Comunicação lideram a criação de emprego, adicionando 127 mil empregados. Por fim, indústria mostra recuperação na margem, adicionando 65 mil empregos.
Apesar do aumento do desemprego o rendimento real médio habitual ficou estável frente ao trimestre anterior. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o rendimento real aumentou 7,4%. A massa de rendimento real habitual também ficou estável frente ao trimestre anterior, mas cresceu 10,8% na comparação anual.
Na avaliação por setores, vemos bastante heterogeneidade. Transportes e outros serviços tiveram os maiores recuos, de 1,55% e 1,35%, respectivamente. Por outro lado, as maiores altas vieram de Alojamento e Alimentação e de Informática e Comunicação, com altas de 1,88% e 1,22%, respectivamente. No total, observamos estabilidade frente a fevereiro, com alta nos rendimentos de apenas 0,2%.