Macroeconomia


Mercado de Trabalho Março 2022

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Fernando Urbano

Publicado 29/abr7 min de leitura

Taxa de desocupação cai para 11,1% em março

O resultado foi bem melhor que as expectativa que apontava para uma alta para 11,4%. Frente o trimestre terminado em dezembro, a taxa ficou estável, enquanto, historicamente, o primeiro trimestre do ano é sazonalmente negativo para o mercado de trabalho. O resultado mostra resiliência do emprego à alta de juros e redução da expansão do crédito, e condiz com a melhora das expectativas para a atividade em 2022. Na comparação interanual, houve queda de 3,8 p.p., ou seja, uma redução de 3,3 milhões no número de desocupados no Brasil.

A variação foi resultado da redução de 21,7% na população desocupada e avanço de 9,4% ou 8,2 milhões na população ocupada, alcançando 95,3 milhões. A taxa composta de subutilização, que leva em consideração também pessoas que estariam dispostas a trabalhar mais tempo, teve queda de 1,1 p.p. na comparação trimestral e 6,4 p.p. frente a março de 2021, alcançando 23,2%.

Taxa de Desocupação

Após alta mais relevante no segundo semestre do ano passado, geração de empregos no setor de serviços têm estabilidade na comparação trimestral. Com a volta da mobilidade, o segundo semestre de 2021 mostrou melhora relevante no setor de serviços, retornando ao patamar semelhante ao restante das atividades que foram menos afetadas. Os dados mostraram crescimento de 32,5% e 19,5% para alojamento/alimentação e outros serviços, respectivamente, na comparação interanual, mas mostram estabilidade na comparação com o trimestre terminado em dezembro. Transporte e construção, mesmo partindo de bases mais forte, ainda tiveram crescimento acima de 10% na comparação com março do ano passado, concordando com as altas recentes de serviços rodoviários e portuários.

População Ocupada por Atividade

O rendimento médio habitual teve alta de 1,5% para R$ 2.548 no trimestre. Revertendo a tendencia de queda ao longo de 2021, o rendimento médio teve recuperação, também apoiada na redução da informalidade de 40,7% para 40,1%. Em concordância, o número de trabalhadores por conta própria caiu 2,5% na comparação com o trimestre anterior, ainda assim acumulando alta de 7,3% após pico da série histórica em outubro.

Taxa de Informalidade

A massa de rendimentos reais habituais não apresentou variações significativas nas comparações trimestral e interanual, ressaltando que o avanço do emprego/atividade foi compensado pela alta da inflação acima do aumento salarial.

CAGED apresenta 136 mil novas vagas de emprego formal em março

Resultado veio em linha com as expectativas. Apesar de mais fraco que nos meses anteriores, o emprego formal continua avançando no ano com criação de 615 mil novas vagas, fruto da volta das escolas e faculdades presenciais e contratações na administração pública. No mês de março, o preenchimento de 136 mil novos empregos partiu de 1,95 milhão de admissões, variação de -4,6% frente a fevereiro, e 1,81 milhão de desligamentos, +5,7% que no mês anterior.

Saldo

No emprego formal de março, indústria e serviços cresceram 0,7% e 0,6%, respectivamente. Os dados concordaram com a PNAD, mostrando um setor de serviços já mais recuperado de forma geral e avançando em linha com outros setores, após fevereiro mais positivo com a volta da mobilidade. Serviços acumula 433 mil novos empregos, avanço de 2,26% no ano. O resultado para a indústria no mês foi surpresa positiva, tendo em vista que o setor é mais afetado pela alta de juros e gargalos nas cadeias de suprimento, principalmente na categoria de bens duráveis. Por outro lado, comércio acumula queda no ano, com redução de 54 mil empregos.

Setores

CAGED aponta para avanço de construção em 4,3%, enquanto PNAD mostra queda de 3,4% no setor. A discordância entre os resultados traz dúvidas sobre o setor. O cenário econômico mundial e inflação do INCC, acumulando 11,5% em 12 meses, foram fatores negativos para o lançamento de imóveis de forma geral e, levando em conta os resultados distintos, afetou de forma mais relevante as empresas de construção menores, com maior taxa de informalidade. Para os próximos meses, devemos ver o indicador de custos de produção continuar desacelerando, o que corrobora para avanço do setor, como antecipado pela confiança de FGV.

Admissões e Desligamentos

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