Macroeconomia


Mercado de Trabalho Junho 2022

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Vitor Martins Carvalho

Publicado 29/jul7 min de leitura

A taxa de desocupação cai para seu menor valor desde 2015

Frente ao primeiro trimestre do ano, a taxa caiu 1.8 p.p. Já quando comparado ao mesmo trimestre do ano passado, a queda foi de 4,9 p.p. Esse resultado surpreende as expectativas e mostra uma forte recuperação do mercado de trabalho, puxado pelo crescimento do setor de serviços, mas refletindo um maior dinamismo que pode ser fruto das recentes reformas, incluindo a trabalhista.

A variação resultou em redução na população desocupada em 15,6%, e avanço da população ocupada em 3,1%, que alcançou 98,3 milhões de pessoas, mais um recorde para série histórica. Dessa forma, o nível da ocupação, que mede o percentual de ocupados na população em idade de trabalhar, foi estimado em 56,8%, o que representa um crescimento de 1,6 p.p., a melhor taxa desde 2015.

A melhora é disseminada, a ocupação subiu em todas as atividades que compõe o PNAD

Esse fato demonstra que a melhoria do mercado não está limitada apenas a setores mais atingidos pelas medidas de restrições da pandemia. Vale destacar o comportamento da quantidade de pessoas ocupadas pela indústria, pela construção e pela agricultura que, após retrair nos primeiros 3 meses do ano, cresceu 2,7%, 3,8% e 0,4% em cada um desses setores respectivamente no segundo trimestre, apesar do atual processo de aperto monetário e elevação dos juros que tende a afetar esses setores mais cíclicos.

O número de pessoas ocupadas no comércio teve expressivo crescimento de 3,4% no segundo trimestre e 14,2% na comparação anual. Mantendo o ritmo de aumento observado desde o último trimestre de 2020, população ocupada no transporte cresceu 2,8% e corrobora impacto de retomada de mobilidade. Por fim, devido à fatores sazonais e à retomada do ensino presencial no segundo trimestre, a atividade que registrou o maior crescimento no contingente de ocupados na comparação trimestral foi administração pública, em saúde e educação (4,5%).

Massa de rendimento real habitual sobe 4,4% no segundo trimestre de 2022

Esse resultado se deve a variação marginal de 1% no rendimento médio real habitual, que estava em tendência de queda desde o final de 2020, e ao acelerado aumento no número de pessoas ocupadas nos primeiros seis meses desse ano. O crescimento da massa de rendimento real habitual está diretamente relacionado à forte aceleração da demanda e à melhoria dos indicadores confiança por parte dos empresários e dos consumidores nos últimos meses na medida em que reflete o poder de consumo da população. Mesmo com o aperto monetário, essa melhora na renda agregada deve impedir uma queda mais forte do PIB no segundo semestre.

CAGED mostra 278 mil novas vagas de emprego formal em junho

Resultado veio acima da expectativa do mercado de criação de 240 mil vagas. Os dados do CAGED corroboram o cenário otimista para o mercado de trabalho que vemos na PNAD. O número de admissões e desligamentos no último mês foi de 1,9 e 1,62 milhões respectivamente. No ano, foram criados 1,3 milhões de empregos formais, e, ao comparar com o início da nova série em janeiro de 2020, esse valor sobe para 4,3 milhões.

O aumento de empregos formais foi observado em todos os setores

Serviços, após registrar 124,53 mil novos postos, principalmente devido ao impacto de TI, atividades financeiras e imobiliárias (+ 65 mil) – o grupamento menos dependente da mobilidade – permanece sendo o setor que mais contribuiu positivamente no mês. Comércio teve o segundo maior aumento com a criação de 47,17 mil postos. Em seguida, a indústria (+ 41,52 mil) manteve trajetória de crescimento.

No acumulado do ano serviços (+ 788,45 mil), indústria (+ 215,83 mil) e construção (+ 184,74 mil) lideram o crescimento do mercado de trabalho formal. Por fim, vale ressaltar que, em contraste com o resultado do PNAD, número de empregados em agropecuária (+84,03 mil) apresentou alta nesse ano.


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