Macroeconomia


Mercado de Trabalho | Dezembro 2024

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Gustavo Menezes

Publicado 31/jan2 min de leitura

Taxa de desocupação avança para 6,2%

A taxa de desocupação avançou para 6,2%, acima das expectativas de 6,1%. Com o ajuste sazonal, a taxa de desocupação avançou para 6,6%, com o maior avanço no desemprego em um mês desde janeiro de 2023. A população ocupada retrocedeu para 103,8 milhões e a população desocupada aumentou na margem para 6,82 milhões.

O emprego formal bate recorde, mas informal recua na margem por fatores sazonais. O número de trabalhadores formais chegou a 63,77 milhões, impulsionado pelo setor privado e autônomos e a taxa de informalidade reduziu de 38,7% para 38,6%. O aumento de trabalhadores por conta própria reflete um dinamismo do emprego que se encontra em um alto nível de rotatividade, apesar de indícios de arrefecimento na atividade econômica.

Massa salarial volta a bater recorde. A massa de rendimento real habitual somou R$339,45 bilhões, alta anual de 7,4%, e a massa real efetiva cresceu 7,9% no ano. O crescimento do rendimento médio habitual acelerou em dezembro, com alta real de 4,3% em 12 meses. Em termos gerais, porém, o indicador ainda aponta para desaceleração do ritmo de ganhos, que é reforçada agora pelo aumento na taxa de desocupação.

Caged indica subtração de 535 mil vagas

A geração de emprego formal em dezembro foi de -535 mil novas vagas, ante expectativa de -405mil. O resultado menor que oesperado foi também abaixo do gerado em dezembro de 2023 (-430 mil vagas) e foi resultado de um aumento nos desligamentos. Com isso, a variação em 12 meses no estoque de empregos formais cedeu de 1,78 milhão para 1,69 milhão.

O salário médio real de admissão avança apenas 1,57% acima da inflação na comparação anual, sem indícios de pressão inflacionária.

Os sinais de desaceleração na atividade ganharam força com o relatório de dezembro, e desafios para melhoras estruturais persistem. O mês, que já surpreendeu negativamente com a taxa de desocupação acima do esperado, também não entregou um qualitativo animador com o fato de que os empregos formais ainda foram uma contribuição positiva nos dados da PNAD, enquanto os mesmos já indicaram tendência de queda maior que a anterior no Caged.

Os dados de dezembro sugerem que se observa os primeiros impactos da política monetária restritiva sobre a demanda, uma vez que a deterioração foi via menor admissão de empregados. Assim, podemos observar efeitos mais agravados nas próximas leituras, com aumento de demissões por parte das empresas. Entretanto, enfatizamos que as condições do mercado de trabalho ainda sugerem um ambiente saudável, com taxa de desocupação em patamares mínimos, com ganhos salariais acima da inflação.

Adicionalmente, ressaltamos que a deterioração recente tem sido advinda dos setores de serviços, que tipicamente possuem inércia na geração de empregos além do fator técnico da PNAD trabalhar com trimestres móveis. Isso reduz a probabilidade de um cenário com retomada na melhora do emprego, especialmente considerando que o ciclo de aperto monetário ainda não se encerrou e impactos restritivos adicionais ainda devem ser sentidos nos próximos trimestres. Portanto, podemos estar próximos de um ponto de inflexão do mercado de trabalho.


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