Taxa de desocupação em dezembro recua para 7,4%
O resultado veio abaixo da expectativa de 7,6% e reflete o desempenho robusto do mercado de trabalho desde a recuperação pós pandemia. Foi a menor taxa encerrada no último trimestre do ano desde 2014, com queda de 0,5 p.p. em relação ao mesmo trimestre de 2022. O bom desempenho do nível de emprego não tem contribuído para pressão inflacionária adicional significativa, mas segue como ponto de atenção no balanço de riscos do Copom, considerando a baixa capacidade ociosa do mercado de trabalho.
A diminuição do desemprego foi acompanhada de aumento recorde na população ocupada (101 milhões), com crescimento de 1,1% no trimestre e 1,6% no ano. A população desocupada também alcançou níveis historicamente baixos (8,1 milhões), recuando 2,8% no trimestre e 5,7% no ano. Apesar da recuperação ao longo de 2023, a taxa de participação na força de trabalho ainda continua abaixo do período pré-pandemia.
A massa real de rendimentos habituais aumentou para R$ 301,6 bilhões, novo recorde da série histórica com crescimento anual de 5%, o que é um ponto de atenção para eventual pressão inflacionária devido ao maior poder de consumo das famílias. Por outro lado, pode contribuir para a melhora na arrecadação e também para a tendência de queda do endividamento das famílias e da inadimplência ao longo de 2024.
A queda da inflação contribuiu para um aumento do rendimento real médio efetivo, de 2,6% relação ao mesmo trimestre móvel do ano anterior, seguindo crescimento em direção à tendência pré-pandemia. A taxa de crescimento anual de tendência está em 0,08%, o que está em linha com a estimativa de baixo ganho de produtividade. Vemos, portanto, uma recuperação ao ritmo pré-pandemia, o que implica que não houve ganho real significativo. Dessa forma, para o emprego continuar crescendo sem gerar pressões inflacionárias, será necessário aumento da produtividade ou maior participação na força de trabalho, que ainda tem margem para recuperar frente à tendência pré-pandemia.
O crescimento da população ocupada em 2023 foi puxado pelo setor de serviços, enquanto a população ocupada na agriculta teve a maior queda no ano (4,2%), reflexo de uma safra prejudicada pelos efeitos climáticos do fim do ano. O aumento da população ocupada em setores mais cíclicos como indústria (4,7%) e construção (2,5%), que são mais sensíveis à conjuntura econômica e se favorecem com um cenário de corte de juros e aquecimento da atividade, requerem cautela.
Expectativas para 2024
O mercado segue acompanhando de perto os dados do mercado de trabalho para suas expectativas sobre o ritmo de cortes da taxa de juros. O cenário atual é de queda inflacionária e ciclo de corte de juros, o que faz necessário uma atenção especial à resiliência do mercado de trabalho, que é um ponto de cautela para o Banco Central na decisão de corte da taxa Selic. Ainda assim, antecipamos continuidade da tendência de melhoria no mercado de trabalho, com a taxa de desocupação encerrando 2024 em 7,5%.