Taxa de desemprego recua no quarto trimestre e fecha 2022 em 7,9%
Após 11a queda consecutiva, resultado mostra robustez do mercado de trabalho brasileiro. Essa é a menor taxa de desemprego desde 2015. Frente ao terceiro trimestre do ano, a taxa caiu 0,8 p.p. Já quando comparado ao mesmo trimestre do ano passado, a queda foi de 3,2 p.p., principalmente, devido ao aumento de 3,6 milhões no número de pessoas ocupadas. Esse fenômeno reflete o maior dinamismo das atividades de serviços durante o ano de 2022, que liderou o crescimento econômico e melhor ambiente para contratações, fruto da recente reforma trabalhista.
Apesar de performance bastante positiva no ano, a análise na margem aponta para uma desaceleração do crescimento do mercado de trabalho no quarto trimestre. O contingente de ocupados aumentou apenas 0,1%, enquanto no segundo e terceiro trimestre o aumento havia sido de 3,1% e 1,0% respectivamente. Dessa forma, a queda da taxa de desemprego de 0,8 p.p. observada na comparação trimestral se deve, majoritariamente, à saída de 787 mil pessoas na força de trabalho, ou 0,7% do total. A redução na taxa de participação reduz a concorrência no mercado de trabalho pode gerar mais pressão inflacionária devido ao efeito do aumento nos salários, que teve alta média de 8,3% acima da inflação em 2022.
Em 2022, crescimento do mercado de trabalho se deve exclusivamente ao mercado de trabalho formal. Enquanto o contingente de trabalhadores formais subiu 7,0% (+4,0 milhões), o contingente de informais recuou 1,0% (-390 mil). Nos últimos meses, no entanto, a tendência de redução da taxa de informalidade do mercado de trabalho tem sido explicada pela redução do estoque de informais, o que corrobora a expectativa de desaceleração da atividade em 2023, principalmente ao considerar que o setor informal tende a antecipar as tendências do setor formal.
Em 2022, com a retomada da mobilidade, as contratações pelos setores de comércio e serviços foram destaques. Influenciado pela volta do ensino presencial e outros serviços que haviam sido paralisados, o segmento de serviços públicos liderou o crescimento do ano, ao contratar 1,2 milhões de pessoas. Em seguida o comércio foi responsável por contratar 742 mil pessoas. Outras categorias que compõe serviços, como informação e comunicação (+ 497 mil), transporte (+485 mil) e outros serviços (+ 488 mil) também apresentaram uma performance muito positiva.
Na ponta contrária, agricultura (-393 mil) e construção (-97 mil) foram os únicos segmentos cujo estoque de empregados reduziu no ano. Prospectivamente, a expectativa mais otimista para safra de 2023 deverá contribuir para sustentar o mercado de trabalho relacionado à agricultura. Já para construção, a retomada de programas habitacionais como o “Minha Casa, Minha Vida” somada a uma atuação mais ativa de bancos públicos tem o potencial de reaquecer a demanda do setor. Por fim, vale destacar que a manutenção da taxa básica de juros em um patamar contracionista, o elevado endividamento das famílias, e o esgotamento dos efeitos das políticas fiscais expansionistas adotadas no período pré-eleição são fatores que tenderão a reduzir a demanda das empresas por novos trabalhadores, principalmente em setores mais cíclicos e sensíveis ao consumo.
Queda da inflação contribuiu para aumento dos salários em termos reais
Rendimento médio real habitual subiu 2,0% no 4o trimestre e 8,3% no ano. Beneficiados pelo aquecimento do mercado de trabalho, a variação do rendimento foi mais positiva em setores compostos por contingente significativo de informais, como agricultura (+13,75%) e construção (+13,42%). Por outro lado, serviços públicos (+4,19%) foi o segmento cujo rendimento apresentou menor crescimento, mas valor final permanece muito acima da média do restante das categorias.
Massa real de rendimento habitual cresce 12,1% em 2022 e bate recorde para série histórica. A tendência de aumento desse indicador começou desde o início do ano, principalmente devido ao aumento do número de ocupados. Caso tal tendência desacelere nos próximos meses, o efeito acumulado das últimas variações na renda agregada ainda permanecerá significativo, contribuindo para sustentar o consumo e a arrecadação tributária.