Macroeconomia


Inter Forecast | Revisão de Cenário | Out.22

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Rafaela Vitória

Publicado 18/out7 min de leitura

Nova desaceleração da inflação em 2022 mesmo com PIB mais alto

Reduzimos nossa projeção de inflação de 5,8% para 5,5% para 2022 e mantemos em 4,7% em 2023. Estamos também introduzindo as projeções para 2024 e esperamos IPCA em 3,2% neste ano. A queda dos preços dos combustíveis e alimentos, puxada pelas menores cotações de commodities no mercado internacional, devem manter a inflação de bens em baixa nos próximos meses. O risco de inércia inflacionária no setor de serviços também está menor com a queda do IPCA acumulado no ano, o que tende a gerar menores reajustes em 2023, mesmo com a potencial alta da gasolina.

Elevamos nossa projeção do PIB de 2022 de 2,8% para 3% e mantemos em 1,0% em 2023. Para 2024, nossa projeção está próxima do PIB potencial em 2%. O setor de serviços segue como o destaque de crescimento e deve contribuir para que o PIB seja positivo no segundo semestre, apesar do menor ritmo. Para 2023, ainda esperamos uma desaceleração puxada pela demanda global mais fraca e pelos juros restritivos por aqui, ainda assim, o PIB deve apresentar alta próxima de 1%, voltando para o potencial de 2% somente em 2024.

Esperamos que o Copom mantenha a Selic em 13,75% pelo menos até março de 2023. Apesar da inflação em queda, inclusive pelas expectativas de mercado para 2023 e 2024, o Copom deve seguir com cautela e manter a Selic mais elevada pelos próximos meses. Entre os riscos, o cenário externo de mais incerteza e juros em elevação e aqui no Brasil a indefinição sobre o rumo da política fiscal podem impedir uma queda mais acelerada da taxa Selic.

Inflação desacelera

Após três meses de deflação, a variação do IPCA deve voltar para território positivo em outubro e encerrar o ano próxima de 5,5%. Apesar da queda na expectativa, a inflação ainda vai fechar o ano de 2022 acima do teto da meta, que é de 5%. Para 2023, estimamos uma desaceleração mais lenta da inflação, para 4,7%, considerando, por um lado, uma pressão menor dos preços de bens, com a recessão global esperada e acomodação dos preços das commodities, mas por outro, uma pressão em serviços, que deve permanecer em patamar mais elevado. Nossa expectativa para a inflação de serviços é de queda de 7,7% em 2022 para próximo de 5% em 2023. Para 2024, estimamos a continuidade da convergência da inflação para a meta chegando ao final do ano em 3,2%.

Selic em 13,75% pelos próximos meses

Esperamos que a Selic permaneça no elevado patamar de 13,75% até pelo menos o primeiro trimestre de 2023. A Selic deve continuar elevada por alguns meses, mesmo com os sinais de queda da inflação. A demanda global desaquecendo e a normalização nas cadeias de produção devem manter a inflação de bens em baixa, enquanto o resultante elevado juro real também contribui desaquecendo a demanda. O afrouxamento da política monetária pode iniciar ainda no 1º semestre de 2023, entre março e maio, mas esse cenário vai depender da sinalização da política fiscal no próximo governo.

Mesmo com superávit primário fiscal previsto de 1,1% em 2022, devido à forte arrecadação no ano, a política fiscal a partir de 2023 permanece incerta. Caso novas medidas de ampliação de gastos voltem à pauta, com estímulos à demanda, o abandono da âncora fiscal e sem compromisso com a trajetória declinante da dívida pública, poderíamos ver uma nova elevação da inflação e manutenção da Selic em elevado patamar por mais tempo. Por outro lado, caso o orçamento siga a PLOA 2023, com flexibilização moderada, entre 0,5% e 1% do PIB, a convergência da inflação para a meta poderá acelerar e o Banco Central teria espaço para o início da redução dos juros ainda em março de 2023.

Revisão de alta do PIB em 2022

Apesar da Selic elevada, o setor de serviços apresentou forte crescimento até agosto e revisamos nossa projeção de PIB do 3º trimestre para +0,7%. Com isso, mesmo com uma esperada estabilidade no 4º trimestre, o PIB deve ter uma variação positiva de 3% no ano. Para 2023, mantemos nossa projeção de desaceleração para +1%, considerando a tendência da economia global. Para 2024, esperamos que o crescimento volte para o potencial de 2%.

Expectativa para o FOMC

O cenário externo permanece desafiador com expectativa de alta de juros e recessão global em 2023. A inflação americana ainda está elevada em 8,2% em 12 meses até setembro, com núcleo em alta em 6,6% e o Fed deve subir os juros novamente em 75 bps na próxima reunião em novembro. A expectativa é que a taxa terminal chegue próxima de 5% em 2023 e permaneça elevada por um longo período.


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