Resumo
Estimamos PIB negativo no 3o trimestre, com recuo do crescimento no ano de 2,8% para 2,7%. Com a desaceleração da atividade, estimamos variação negativa de 0,3% no PIB no 3o trimestre. Para 2024, mantemos a expectativa de desempenho moderado, com alta de 1,5%.
Revisamos nossa projeção de IPCA de 4,7% para 4,6% em 2023, e mantemos em 3,7% para 2024. A inflação segue surpreendendo para baixo no curto prazo, com desaceleração maior em serviços. A manutenção da expectativa em 2024 em 3,7% leva em conta a recuperação de preços de alimentos e monitorados.
Mantemos a expectativa de cortes da Selic em 50 p.b. nas próximas reuniões, encerrando 2024 em 9%. O Copom deve seguir com cortes de 50 p.b. nas próximas reuniões, até o primeiro trimestre de 2024. A desaceleração da inflação e o cenário externo com alguma melhora nos juros nos EUA deve permitir que os cortes sigam no mesmo ritmo.
Fiscal deteriora. O resultado fiscal teve nova deterioração, com a queda da arrecadação, devido à desaceleração do PIB e a manutenção do crescimento de gastos. Revisamos nossa projeção de déficit em 2023 de -1% para -1,4% e para 2024 de -0,8% para -1%.
PIB deve apresentar variação negativa no 3o trimestre
Atividade desacelera no 3o trimestre e esperamos variação negativa no PIB em 0,3%. A desaceleração impactou tanto o consumo das famílias como os investimentos. A política monetária ainda restritiva e a perda de força dos impulsos fiscais observados no início do ano resultaram em queda principalmente das atividades de serviços. Para o ano, revisamos a expectativa de crescimento de 2,8% para 2,7%, ainda puxado pelo desempenho apresentado no 1o semestre.
Para 2024, mantemos a expectativa de crescimento menor em 1,5%. O cenário externo ainda segue desafiador, com menor demanda global tanto da China como dos países desenvolvidos, devido ao aperto monetário global e deve ser parcialmente compensado pelo esperado afrouxamento monetário no Brasil, com maior impacto a partir do 2o semestre do próximo ano.
Inflação em queda no curto prazo
A inflação ainda dá sinais de desaceleração no curto prazo. O IPCA de outubro voltou a apresentar variação abaixo da expectativa, com desaceleração da inflação de serviços e ainda redução em alimentos. Para 2024, mantemos a expectativa de nova desaceleração do IPCA para 3,7%, levando em consideração o cambio médio de R$5,00 e petróleo em US$85/barril. O viés para o próximo ano é de alta com possível correção de alimentos devido a impactos climáticos vindo do El Nino.
Mantemos nossa expectativa de cortes da Selic de 50 p.b. nas próximas reuniões. A queda da inflação e a desaceleração da atividade devem permitir a continuidade dos cortes de 50 p.b. na taxa Selic até o 1o trimestre de 2024. Mesmo encerrando o ciclo em 2024 em 9%, a taxa Selic ainda estará restritiva nesse patamar, considerando que ainda devemos ter inflação acima do centro da meta até 2025.
Revisamos nossa expectativa para o déficit fiscal de -1% para -1,4% em 2023 e de -0,8% para -1% em 2024. A deterioração é uma combinação de redução na arrecadação e crescimento de despesas, ambos acima do esperado. Até setembro, a receita total teve queda de 4,4% (-2% na receita administrada) em função da desaceleração da atividade e queda nos preços das commodities em relação a 2022. Por outro lado, as despesas obrigatórias seguem crescendo, inclusive com revisão de alta no último relatório bimestral do tesouro que elevou a previsão de déficit primário do ano de R$141,4 bilhões para R$177,4 bilhões. Mesmo as despesas discricionárias do governo têm crescimento acelerado de 23% acima da inflação. A expansão de gastos deve elevar a despesa/PIB de 18,2% em 2022 para 19,4% em 2024, algo inédito para um primeiro ano de governo.
Com esse resultado, revisamos também nossa projeção de déficit para o próximo ano, devido ao caráter permanente dos novos gastos. A meta de zerar o déficit segue bastante desafiadora, uma vez que recompor todo o espaço com aumento de arrecadação tende a ser negativo para a economia, impactando a inflação e desacelerando a atividade. Para alcançar a meta de ajuste fiscal, o governo precisa voltar a se atentar para o controle do crescimento dos gastos, que exigirá um esforço até mesmo para cumprir as regras do novo arcabouço, desenhado pelo próprio governo.
Principais Indicadores Projetados