Macroeconomia


Inter Forecast | Revisão de Cenário | Ago.22

jeFtv1X8_400x400

Rafaela Vitória

Publicado 16/ago

Queda mais acelerada dos combustíveis e inflação menor em 2022

Inflação menor em 2022. Com a queda recente dos preços da gasolina e diesel, seguindo o movimento no mercado internacional do petróleo, revisamos nossa estimativa de IPCA para o ano de 7,5% para 6,5% e elevamos em 2023 de 4,4% para 4,7%.

Elevamos a projeção do PIB de 2022 de 2,1% para 2,3% e mantemos em 0,7% para 2023. Projetamos crescimento de 3% no 2o trimestre na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. O forte crescimento dos setores de serviços e a retomada dos investimentos foram os principais fatores para a revisão no curto prazo. Para 2023, os desafios permanecem com a Selic bastante contracionista e demanda global menor.

Selic terminal em 13,75%. Conforme esperado, o Copom indicou o fim do ciclo de altas da Selic em 13,75% e a manutenção da taxa por um período prolongado. Com a inflação mais baixa esse ano impactando os reajustes contratuais de 2023, juntamente com a desaceleração da demanda global, acreditamos que, em março, poderemos ver o início dos cortes, que devem ser em ritmo mais gradual que no ciclo de alta.

O principal risco para o nosso cenário é externo. A elevada inflação nos EUA e os ajustes nas políticas monetárias em diversos países devem resultar em demanda global mais fraca no próximo ano. A queda na atividade da China, especialmente o menor crescimento da construção, também traz riscos para o cenário de recessão em 2023.

PIB de 2,3% em 2022 e 0,7% em 2023

O setor de serviços teve forte crescimento no 2o trimestre e deve puxar a alta do PIB esse ano. O 2o trimestre surpreendeu com dados mais fortes dos setores de serviços e uma melhora inesperada no mercado de trabalho. Mesmo com uma desaceleração a partir do 4o trimestre de 2022, com o maior impacto da política monetária contracionista, o crescimento do PIB em 2022 deve alcançar 2,3%.

O mercado de trabalho tem sido destaque no crescimento do PIB em 2022 e a taxa de desemprego já chega a 9,3% no trimestre findo em junho e pode cair para abaixo de 9% até o final do ano. A força de trabalho ocupada bateu recorde de 98 milhões de pessoas e, apesar da queda no rendimento médio familiar, devido à inflação, a massa salarial já apresenta crescimento real de 3% no ano.

Inflação desacelerando

As consecutivas reduções do preço da gasolina devem acelerar a queda do IPCA no segundo semestre e esperamos que o índice termine o ano próximo de 6,5%. Após a deflação de -0,68% em julho, devemos ter nova variação negativa de 0,20% em agosto, e um índice mensal menor em setembro, pela desaceleração dos preços dos alimentos, como observado no atacado. Em geral, a acomodação das cotações de commodities no mercado internacional deve contribuir para uma menor inflação de bens nos próximos meses. Para 2023, elevamos a projeção de 4,4% para 4,7% devido à antecipação da redução dos preços dos combustíveis para 2022 e impacto ainda relevante da inflação de serviços.

Selic em 13,75% até março de 2023

Esperamos que a Selic permaneça no elevado patamar de 13,75% até o primeiro trimestre de 2023. A Selic deve permanecer elevada por alguns meses, até as expectativas de inflação convergirem para próximo da meta. Com a demanda global desaquecendo e a normalização nas cadeias de produção, a inflação de bens deve continuar desacelerando e acreditamos que no 1o semestre de 2023, deva haver espaço para redução dos juros, desde que o novo governo eleito reforce o compromisso de consolidação fiscal mantendo a expectativa de superavit primário para os próximos anos. Caso novas medidas de ampliação de gastos voltem à pauta em 2023, com o abandono da âncora fiscal e sem compromisso com a trajetória declinante da dívida pública, podemos ver uma nova elevação da inflação e manutenção da Selic em elevado patamar por mais tempo.

Risco Externo

O principal risco para o nosso cenário é externo. A inflação global ainda está elevada e o aperto monetário necessário nos EUA trás mais incerteza para os mercados, com uma deterioração das condições financeiras e risco de recessão. A desaceleração do crescimento chinês também renova as preocupações, principalmente podendo afetar o setor exportador no Brasil. Entre os mitigantes na nossa economia estão o balanço de pagamentos mais robusto, reduzindo a necessidade de financiamento das contas externas e um diferencial de juros que já considera um prêmio bastante elevado, mesmo para períodos de maior aversão a risco.

Principais indicadores projetados

Veja as projeções para 2022 e 2023


Compartilhe essa notícia

Receba nossas análises por e-mail