Inflação surpreende com alta de 1,3% em junho
Dado representou uma aceleração em relação a maio, e veio acima da expectativa do mercado de 1,1%. O núcleo de inflação também avançou para 0,7% no mês, ou 8,8% em termos anualizados. Apesar da queda marginal do acumulado em 12 meses para 5,9%, este indicador deve voltar a avançar no curto prazo e se aproximar de 7,0% até agosto. Essa tendência de alta também se observa pelo salto do acumulado nos últimos três meses para 7,9%, em termos anualizados.
Metade da inflação de junho é decorrente da alta dos preços de energia
Houve aumento de 11,2% para a gasolina e de 8,2% para o gás natural. No entanto, a queda recente do petróleo deve levar a gasolina a recuar cerca de 3,9% no mercado americano, trazendo uma contribuição negativa de aproximadamente 0,2 p.p. para a inflação agregada em julho.
A inflação de bens segue em alta. Apesar do controle da pandemia trazer uma normalização da demanda na direção de mais serviços, observamos pouco impacto desse fenômeno na variação dos preços. Os dados de junho trouxeram tanto um aumento de 1,6% para veículos usados quanto uma aceleração da inflação de vestuário para 0,8%, mostrando que os preços bens seguem avançando em patamar incompatível com a meta.
Por fim, destaca-se nova contribuição relevante da inflação de serviços para o indicador agregado. Esse grupo avançou para 8,0% no acumulado dos últimos três meses, com pressão tanto de aluguel residencial quanto de serviços médicos, mostrando que a inércia inflacionária ainda preocupa.
Apesar do mercado de trabalho aquecido, queda do salário real se intensifica
Crescimento da remuneração nominal defasou a inflação em 3,6% nos últimos 12 meses. Embora essa queda compense, em parte, o crescimento real também expressivo ao longo de 2020, o dado sugere baixa probabilidade de um espiral inflacionário na economia americana.
Dado de inflação reforça probabilidade de novo aumento de 0,75 p.p. na próxima reunião do FOMC
Logo após a divulgação da inflação de junho, os juros americanos de dois anos avançaram em cerca de 0,1 p.p., com o mercado precificando um cenário de inércia inflacionária mais persistente. Com isso, o FED deve optar por nova alta de 0,75 p.p. na reunião do final do mês, levando os juros para a faixa entre 2,25% e 2,5%, mais próxima do patamar neutro da economia americana, mas não se descarta uma alta maior, de 1,0 p.p.. A partir daí, os juros devem seguir avançando para nível ainda mais contracionista, até que se observe uma desaceleração das leituras correntes de inflação acompanhada por uma ancoragem das expectativas de longo prazo. Caso a inflação mostre persistência acima da esperada, os juros podem atingir patamar mais próximo de 4,0%, gerando forte viés de baixa para a atividade econômica americana no médio prazo.