Macroeconomia


FOMC Setembro 2024

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André Valério

Publicado 18/set2 min de leitura

Banco central americano corta os juros pela primeira vez em mais de 4 anos

Não haviam dúvidas de que o Fed fosse cortar os juros na reunião de hoje. A grande incerteza era sobre a magnitude desse corte e sobre os próximos passos da política monetária americana. Na reunião de hoje, o Fed decidiu por cortar a taxa de juros em 50 pontos base, saindo do intervalo de 5,25%-5,50% para 4,75%-5,00% e sinaliza em suas projeções revisadas pelo menos mais dois cortes de 25 pontos base até o fim do ano, mas sem se comprometer com essa indicação.

No comunicado, o comitê deixa claro que o progresso com a inflação é suficiente para garantir a normalização da política monetária e passam a focar no objetivo de garantir o pleno emprego com uma inflação de 2% ao ano. Entretanto, o comitê não alcançou o consenso, com uma diretora votando pelo corte de 25, o primeiro dissenso no FOMC desde 2005.

A reunião de hoje teve a atualização das projeções dos membros do comitê. Além de sinalizar mais 50 bps de corte até o fim do ano, e outros 100 bps em 2025, eles projetam uma piora gradual no mercado de trabalho com a taxa de desemprego alcançando 4,4% ao fim de 2024, mantendo-se assim até o fim de 2025. Além disso, projetam a inflação praticamente na meta ao fim desse ano, alcançando 2,3% em 2024 e 2,1% em 2025. Finalmente, as projeções indicam que os membros do comitê acreditam estar a caminho do pouso suave, não antecipando uma piora substancial da atividade econômica.

Em comparação com as projeções feitas em junho, a revisão de setembro deixa claro porque o Fed optou pelo corte de 50 em detrimento do de 25: devido a uma percepção de que há riscos mais elevados para a piora do desemprego.

Na coletiva, Powell indicou que provavelmente os últimos dados do Payroll serão revistos para baixo, portanto esse conjunto de informações influenciou na decisão de um corte inicial mais intenso, uma vez que o Fed não deseja ver um enfraquecimento adicional no mercado de trabalho.

Sem um guidance mais claro, a incerteza sobre os próximos passos da política monetária não foi completamente resolvida. No momento, o mercado de trabalho irá ditar o ritmo de cortes. Powell deixa claro que o balanço de riscos aponta para uma piora substancial do risco de maior desemprego enquanto o risco inflacionário diminuiu. Dado que o comitê espera revisões negativas no payroll e um aumento de 0,2 ponto percentual na taxa de desemprego até o fim do ano, não se pode descartar um novo corte de 50 na reunião de novembro caso os dados do mercado de trabalho continuem a deteriorar. Entretanto, a inflação de agosto ainda indica um grau de persistência elevado, principalmente devido à inflação de habitação que diminui mais devagar que o esperado e pode frustrar os planos do Fed.

Com o corte de 50 pontos base e o início do ciclo de alta da Selic, o real deve se apreciar à medida que o diferencial de juros entre a economia americana e brasileira aumentam. Além disso, ao iniciar o ciclo de cortes antes da materialização da recessão, o Fed induz um aumento no apetite por riscos dos investidores internacionais, o que deve contribuir com o fluxo de dólares para as economias emergentes como um todo. Com isso, esperamos que o real aprecie e encerre o ano por volta de R$5,40.


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