Banco central americano reduz o ritmo de cortes
Como esperado, Fed cortou os juros em 25 pontos base, reduzindo a taxa de juros ao intervalo de 4,5% a 4,75%, em decisão unânime, ao contrário da última.
Em um comunicado sem grandes novidades, o comitê reconhece que a economia americana continua robusta, a despeito do aumento recente na taxa de desemprego, que se mantém em patamar baixo. Os dados divulgados desde a última reunião apontam para uma economia aquecida, com o PIB avançando 2,8% no 3º trimestre, com consumo forte e mercado de trabalho ainda robusto. O comitê também evitou inferir mais profundamente sobre o resultado do payrollde outubro, que foi bem mais fraco que o esperado, e bastante contaminado pelo Furacão Milton e a greve portuária.
Assim, o comitê mantém a postura de data-dependency, afirmando que as próximas decisões serão tomadas com base no fluxo dos novos dados, o que deve manter a volatilidade elevada nos mercados, evitando qualquer forma de direcionamento. Chama a atenção a mudança no tom do comunicado, com o comitê removendo a linguagem de que possui confiança de que a inflação está convergindo para a meta, adicionando um tom mais suave, afirmando que a inflação fez progresso em direção à meta, o que sugere uma maior cautela por parte do comitê.
Powell adotou tom mais cauteloso na coletiva de imprensa, mas o atual cenário ainda é consistente com as projeções do próprio comitê, que antecipa mais um corte de 25 bps na reunião em dezembro, e uma desaceleração do ritmo dos cortes em 2025, o que significaria alguma pausa entre as reuniões, levando a taxa para 3,5% no próximo ano.
Entretanto, dada a robustez da economia americana e a incerteza dos impactos econômicos das políticas de Trump, a taxa terminal de ciclo pode ser maior que o mercado projetava até algumas semanas atrás, como se infere do movimento dos juros americanos no último mês. Ainda teremos duas divulgações de dados de inflação e um de emprego até a próxima reunião, que terão peso fundamental sobre a próxima decisão, em particular os dados de inflação. Caso a persistência nas medidas de núcleo se mantenha, juntamente com uma recuperação mais forte dos dados de emprego, podemos ver o caso de uma pausa no ciclo de cortes ganhando força já para dezembro.