FED eleva juros novamente em 0,25 p.p.
Em meio a elevada incerteza devido aos episódios bancários, o Fed elevou a taxa básica da economia americana para 5% (upper bound), mas demonstra cautela. O mercado já precificava cortes na taxa de juros no segundo semestre deste ano e, após a decisão, passou a precificar mais cortes, a despeito da alta. Entretanto, essa visão contraria as projeções divulgadas pelo próprio Fed, que prevê a taxa de juros em 5,1% ao fim de 2023.
O Fed manteve em seu comunicado o comprometimento com a redução da inflação, mas alterou seu guidance. Até então, o Fed afirmava que a continuidade no ciclo de alta era necessária para garantir a convergência da inflação. No comunicado da reunião de hoje, o Fed passou a dizer que algum aperto adicional possa ser necessário, o que sugere uma maior probabilidade para uma pausa nesse momento. De fato, na coletiva de imprensa, o presidente do Fed afirmou que uma pausa foi considerada, mas no fim prevaleceu a visão, unanime, de que uma alta adicional de 25 bps era necessária.
Membros do FOMC esperam uma contração no crédito. Com isso, a taxa de juros não teria que aumentar como esperado inicialmente, com a crise bancária fazendo parte do serviço. Entretanto, Powell enfatizou a incerteza maior do cenário atual, com a possibilidade de a crise bancária ter efeito modesto, o que poderia exigir apertos adicionais. Porém, o Fed vê com alta probabilidade que a crise bancária tenha efeitos significativos sobre a atividade econômica. Isso sugere que o Fed passará a adotar uma postura mais reativa daqui para frente, condicionada na evolução dos dados econômicos.
FOMC se mostra mais cauteloso para a trajetória futura da taxa de juros. Powell se mostrou menos convicto a respeito de altas futuras, contrastando com reunião anterior a essa em que ele afirmou que altas adicionais, no plural, seriam necessárias. Na reunião de hoje ele enfatizou a condicionalidade de alguma contração adicional.
Até onde vão os juros americanos?
O Fed deixou a porta aberta para uma pausa no ciclo de alta. O mercado já antecipa cortes na taxa de juros ainda em 2023, com uma expectativa de cortes de até 100 bps entre junho e dezembro de 2023. Entretanto, o comitê atualizou suas projeções que sugerem uma taxa de juros de 5,1% ao fim de 2023. Portanto, se o cenário base das projeções prevalecer não haverá nenhum corte nas taxas de juros esse ano.