Como esperado, o banco central americano manteve os juros inalterados pela quarta reunião consecutiva. O comunicado veio com pouquíssimas mudanças frente ao último, com o Fed reconhecendo que a economia americana permanece crescendo de maneira sólida, a despeito da queda do PIB no 1º trimestre, motivado por um movimento atípico nas importações, enquanto o mercado de trabalho permanece saudável e a inflação ainda acima da meta.

Além disso, a reunião de hoje foi acompanhada pela divulgação das projeções dos membros do Comitê, e eles mantém a expectativa de mais dois cortes esse ano. Por outro lado, reduziram as projeções para o crescimento do PIB e aumentaram as projeções para taxa de desemprego e inflação. Isso sugere que o Fed vê o impacto das tarifas como negativo para a economia como um todo, desacelerando o crescimento ao passo em que gerará algum repasse inflacionário. Entretanto, tal impacto ainda está por vir, com os dados mais recentes da economia americana não apontando impacto relevante das tarifas. Comparado com as últimas projeções, vemos uma divisão maior entre os membros do Fed, com 7 membros esperando que não haja cortes esse ano, ante 4 no último relatório de projeções.

Portanto, devemos ver o Fed mantendo a postura cautelosa nas próximas reuniões, à espera de novos dados para ganhar confiança sobre qual a trajetória que a economia americana está caminhando. Por um lado, nota-se a demanda perdendo força, ao mesmo tempo em que a oferta também tem perdido dinamismo, portanto, há grande incerteza sobre qual é a inflação subjacente da economia americana após anos de inflação acima da meta. Assim, mantemos a visão que o Fed só deve atuar quando houver sinais claros de que o mercado de trabalho está em recessão.