FED desacelera ritmo de alta e eleva juros em 0,5 p.p.
Em linha com a expectativa, o Fed elevou a taxa básica da economia americana pela quinta vez consecutiva para 4,50% (limite superior) e manteve tom hawkish em seu discurso. A decisão foi recebida pelo mercado de forma ambivalente, com bastante volatilidade no mercado de treasury. Após o aperto monetário mais intenso das últimas décadas, a autoridade monetária indicou que deverá se manter atenta aos efeitos defasados da política monetária, e sinalizou elevada probabilidade de mais reduções no ritmo de altas nas próximas reuniões.
O Fed manteve em seu comunicado o comprometimento com a redução da inflação. Os dados para o mercado de trabalho permanecem robustos, o que tem aumentado a confiança do Fed. O último relatório do Payroll para o mês de novembro mostrou criação de 264 mil vagas e uma taxa de desemprego em 3,7%, ambas leituras condizentes com um mercado de trabalho apertado. Apesar do PIB do terceiro trimestre mostrar uma desaceleração relevante no consumo e no investimento em setores mais sensíveis ao crédito, como o imobiliário, a autoridade monetária não vê sinais relevantes de recessão econômica no curto prazo. As leituras para inflação de outubro e de novembro surpreenderam para baixo, porém, com uma taxa acumulada de 12 meses acima de 7% para o CPI e 6% para o PCE, o Fed ainda precisa ver uma desaceleração mais expressiva desses indicadores para ficar mais confiante na convergência da inflação para sua meta de 2% e, dessa forma, optar em interromper o ciclo de aperto monetário em curso.
Até onde vão os juros americanos?
O Fed novamente não ofereceu um guidance específico para seus próximos passos, mas mostrou estar menos preocupado com a velocidade do aperto, dando espaço para um aumento de 50 ou 25 bps na próxima reunião. Os membros da autoridade monetária atualizaram suas projeções para a taxa de juros terminal de 2023, cuja mediana passou de 4,6% na reunião de setembro para 5,1%. Após a reunião, o mercado mostrou considerar mais provável que sejam realizados apenas mais dois aumentos de 25 bps, um na reunião de janeiro e outro na de março, o que levaria o intervalo da taxa básica de juros para 4,75-5,0% até o final do ano.
Cabe ressaltar que, como corrobora o excesso de volatilidade no mercado de renda fixa, ainda há bastante incerteza quanto aos próximos passos do Fed, que reafirmou a dependência das suas futuras decisões nos dados que estão para ser divulgados no curto prazo. Redução do núcleo da inflação, principalmente dos itens associados a serviços, e desaceleração no crescimento dos salários serão as notícias mais positivas para o Fed, diante das quais poderá passar a agir de forma menos hawkish.