Copom eleva a Selic para 10,75%
Em linha com a expectativa, o Copom iniciou um novo ciclo de alta de juros em 25 p.b. Em seu comunicado, o tom foi mais duro, ressaltando a necessidade de manter a política monetária contracionista até que se consolide o processo de convergência da inflação, principalmente ligada a serviços, e se re-ancorem as expectativas. Os próximos passos da política monetária e a magnitude total dos ajustes ficaram em aberto e dependerão da evolução do cenário.
A projeção do BC para a inflação de 2024 subiu de 4,2% para 4,3% para 2024 e de 3,6% para 3,7% para 2025, mesmo considerando o maior aperto monetário no cenário de referência. E no balanço de riscos, o Copom colocou um viés de alta considerando a atividade mais aquecida e hiato do produto mais apertado bem como as expectativas de inflação desancoradas por um longo prazo.
Mantemos nossa expectativa de novas elevações da taxa em 25 p.b. nas próximas reuniões para 11,25% até dezembro de 2024. Apesar de não haver mudança significativa no cenário de inflação, o Copom deve seguir com um curto ciclo de alta, com o objetivo de reancorar as expectativas e acelerar a convergência da inflação para a meta. Um aumento do ritmo de alta para 50 p.b. poderia ser considerada caso ocorra uma reaceleração da inflação e piora nas expectativas, o que poderia ser resultado de nova deterioração fiscal seguida de impacto no câmbio. No entanto, com o início do corte de juros pelo Fed em 50 p.b. e o cenário de arrefecimento da economia global, a pressão cambial tende a reduzir pelo maior diferencial de juros. Por outro lado, o cenário de um ciclo curto de alta na Selic seguido da retomada dos cortes em 2025 pode ser reforçado caso o governo volte a apresentar controle do crescimento de gastos públicos, na direção do cumprimento da meta fiscal, o que iria beneficiar a trajetória de desinflação, bem como aliviar o prêmio de risco nos ativos, incluindo o câmbio.