Macroeconomia


COPOM Setembro 2023

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Rafaela Vitória

Publicado 20/set

Copom reduz a Selic em 0,50 ponto percentual para 12,75%

O Copom cortou a Selic novamente em 0,50 p.p., em linha com a expectativa, e indicou novos cortes de mesma magnitude nas próximas reuniões. Apesar da desaceleração da inflação corrente, principalmente das medidas de serviços, o Copom destaca que ainda estão acima da meta. Além disso, as projeções de inflação do Banco Central tiveram, leve alta em relação à última reunião e, juntamente com o cenário externo mais desafiador, deve limitar uma eventual aceleração do ritmo de cortes nas próximas reuniões.

No balanço de riscos, o Copom manteve de fora o risco fiscal. No entanto, o comunicado ressalta a importância da execução da meta – já estabelecida – na ancoragem das expectativas de inflação. Como já observado nas taxas de juros de mercado nas últimas semanas, a discussão sobre uma potencial revisão da meta para 2024 trouxe impacto negativo tanto nas taxas nominais como reais.

Expectativa para os próximos passos do Copom

O Copom manteve a indicação de cortes de 50 p.b. para as próximas reuniões. Nesse cenário, a política monetária deve continuar restritiva por um período ainda prolongado. Já a magnitude do corte total que pode ser feito nesse ciclo ainda está indefinida e vai depender da evolução da inflação, principalmente das medidas de serviços e de núcleo, mais sensíveis à política monetária, e também das expectativas de inflação, mais sensíveis às mudanças na política fiscal. O cenário externo, que aponta para taxas de juros maiores ao longo de 2024, também pode limitar o tamanho do corte total na taxa Selic nesse ciclo. Mantemos nossa projeção da taxa chegando a 9% no segundo semestre de 2024.

Fed faz nova pausa

Na reunião dessa quarta feira, o Fomc manteve a taxa de juros inalterada no atual intervalo de 5,25% e 5,50%. O comunicado não apresentou novidades, indicando que a visão do comitê é de que a inflação ainda permanece elevada, em meio à atividade resiliente, mas com desaceleração do mercado de trabalho.

Apesar de deixar em aberto os próximos passos, o comitê manteve a expectativa para os juros ao fim de 2023 em 5,6%, o que implica em mais uma alta de 25 p.b. entre novembro e dezembro. A novidade foi o aumento na projeção para a taxa de juros ao fim de 2024 e 2025, mostrando que, para o comitê, juros elevados por mais tempo serão necessários para garantir a convergência da inflação nos próximos anos. Além disso, destacamos a forte revisão na projeção do PIB para 2023, que saiu de 1% em junho para 2,1%, acompanhada de redução na taxa de desemprego, que saiu de 4,1% para 3,8%. Isso sugere que o cenário base do Fed não é mais de uma recessão para a economia americana, mas de um possível soft landing. Ainda assim, a projeção para o núcleo da inflação ao fim de 2023 recuou, enquanto a projeção para a inflação cheia avançou, o que sugere que o Fed antecipa um choque inflacionário ainda esse ano, tendo em vista o recente movimento de alta do preço internacional do petróleo.

Outro destaque nas projeções mostra uma divisão entre os membros do FOMC. Doze membros ainda acham necessária mais uma alta nos juros esse ano, enquanto os sete restantes acreditam que a taxa de juros já está em patamar alto o suficiente para garantir a convergência da inflação. Entretanto, essa decisão ficou para a reunião de novembro. Powell deixou claro que quer ver a continuidade do enfraquecimento do mercado de trabalho para ter maior tranquilidade em declarar a vitória contra a inflação. Acreditamos que até a próxima reunião em novembro a economia americana dará sinais mais claros de desaceleração e que o consenso do FOMC convergirá para a não necessidade de nova alta nos juros.


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