Macroeconomia


COPOM Novembro 2023

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André Valério

Publicado 01/nov

Copom reduz a Selic em 0,50 ponto percentual para 12,25%

O Copom cortou a Selic novamente em 0,50 p.p., em linha com a expectativa, e indicou novos cortes de mesma magnitude nas próximas reuniões. Mesmo com a continuidade da tendência de desinflação, o Copom ainda ressalta que a inflação está acima da meta. Além disso, a projeção de inflação para 2023 reduziu, enquanto as projeções para 2024 e 2025 tiveram leve alta frente a última reunião, o que, juntamente com o cenário externo mais desafiador, deve limitar uma eventual aceleração do ritmo de cortes nas próximas reuniões. De fato, o comitê indica manutenção do ritmo de corte pelas próximas reuniões, no plural, indicando que a magnitude do corte deve manter pelo menos pelas próximas duas reuniões.

No balanço de riscos, o Copom manteve de fora o risco fiscal. No entanto, o comunicado ressalta a importância da execução da meta – já estabelecida – na ancoragem das expectativas de inflação. Ao longo dessa última semana, houve ruídos acerca do cumprimento da meta em 2024, com o presidente Lula criticando a meta zero, o que trouxe impacto negativo para a curva de juros nominal e real.

Expectativa para os próximos passos do Copom

O Copom manteve a indicação de cortes de 50 p.b. para as próximas reuniões. Nesse cenário, a política monetária deve continuar restritiva por um período ainda prolongado. Já a magnitude do corte total que pode ser feito nesse ciclo ainda está indefinida e vai depender da evolução da inflação, principalmente das medidas de serviços e de núcleo, mais sensíveis à política monetária, e das expectativas de inflação, mais sensíveis às mudanças na política fiscal. O cenário externo, que aponta para taxas de juros maiores ao longo de 2024, também pode limitar o tamanho do corte total na taxa Selic nesse ciclo. Mantemos nossa projeção da taxa chegando a 9% no segundo semestre de 2024.

Fed faz nova pausa

Na reunião dessa quarta feira, o Fomc manteve a taxa de juros inalterada no atual intervalo de 5,25% e 5,50%. Tal decisão era amplamente esperada. No comunicado, o discurso também permanece inalterado, com o comitê mantendo a possibilidade de uma nova alta, reconhecendo que a atividade avançou em ritmo acelerado no terceiro trimestre e que a inflação ainda está distante da meta, ao mesmo tempo em que o mercado de trabalho permanece aquecido.

O comitê deixou em aberto os próximos passos e não forneceu um direcionamento, apenas reforçando que estão prontos para mudar a direção da política monetária caso necessário e que acompanharão de perto os desenvolvimentos econômicos e os eventos internacionais, um aceno para o conflito no Oriente Médio.

Apesar dessa falta de direcionamento, o mercado interpretou a decisão de hoje como sendo um sinal de que o trabalho do Fed está encerrado e que não haverá novas altas de juros. O título de 2 anos recuou 14 p.b, o de 5 anos recuou 20 p.b. e o de 10 anos recuou 19 p.b. Também contribuiu para esse movimento nos juros o anúncio de refinanciamento do Tesouro americano, que emitiu menos títulos de longa duração do que o antecipado, dando maior preferência para os títulos de curtíssimo prazo.

A decisão do Fed foi sem surpresas, com a autoridade monetária mantendo o discurso de dependência dos dados. Entretanto, há de se questionar se essa dependência realmente existe, uma vez que o conjunto de dados das últimas semanas é amplamente consistente com uma economia ainda aquecida. Por outro lado, alguns dados antecedentes como o ISM industrial e o payroll da ADP, divulgados hoje, mostram uma desaceleração mais intensa que o esperado nessas variáveis. Portanto, o Fed aparenta estar dando um grande peso para a estabilidade do setor financeiro. Dado esse contexto, esperamos que o Fed mantenha a taxa inalterada na reunião de dezembro, sendo a atual taxa a taxa terminal desse ciclo de alta.


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