Macroeconomia


COPOM Março 2023

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André Valério

Publicado 22/mar

Copom mantém a Selic em 13,75%

O Copom manteve a taxa Selic em 13,75%, em linha com o consenso de mercado. No entanto, o comunicado veio em tom mais hawkish que o esperado, com aumento das projeções de inflação e destaque para a desancoragem das expectativas, que continuam em alta. A manutenção da frase de que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado” reforça a sinalização de manutenção da postura vigilante da política monetária, a fim de perseverar o processo de desinflação, até que a convergência às metas e ancoragem das expectativas sejam alcançadas. Por fim, o Comitê avalia que a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo, mas a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas ainda pesam como risco de alta.

Mesmo com a Selic em patamar mais restritivo, devido à queda da inflação corrente, o BC alterou para cima sua projeção de inflação de 5,6% para 5,8% em 2023 e de 3,4% para 3,6% em 2024. O Comitê ressalta que suas projeções seguem influenciadas por fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta destacam-se a maior persistência da inflação global, a incerteza acerca do arcabouço fiscal e a maior desancoragem das expectativas de inflação para prazos mais longos. Entre os riscos de baixa, está a tendência de queda dos preços das commodities, a desaceleração da atividade global mais acentuada que o previsto e a potencial queda da concessão doméstica de crédito no mercado local.

Expectativa para os próximos passos

Esperamos que a Selic permaneça em 13,75% até junho de 2023. Apesar da taxa de juros real ex-ante estar bastante restritiva, próxima de 8%, o impacto da potencial expansão de gastos fiscais e parafiscais continua sendo incorporado nas expectativas de inflação da pesquisa Focus. No comunicado, o Copom enfatizou o risco da maior desancoragem da inflação esperada no longo prazo, o que elevaria o custo da desinflação necessária para atingir a meta.

Arcabouço fiscal pode criar as condições que o Copom necessita para iniciar o ciclo de corte na Selic. O novo arcabouço fiscal deve ser apresentado em abril, quando teremos mais clareza sobre o caminho que o governo quer seguir, e a reunião seguinte do Copom em poderia estabelecer a base para o início do ciclo de cortes. Caso o arcabouço seja minimamente robusto e crível, ele será um importante aliado no controle das expectativas. Em paralelo, o aperto no crédito doméstico pode impactar a atividade e resultar em uma queda da inflação maior que o esperado, também abrindo espaço para o início do afrouxamento monetário em meados do ano.

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