Copom mantém a Selic em 13,75%
O Copom manteve a taxa Selic em 13,75%, em linha com o consenso de mercado. No comunicado, o tom foi ainda conservador, apesar da evolução positiva no cenário de inflação e expectativa de corte em agosto pelo mercado. O Copom não se comprometeu com o início do afrouxamento monetário na próxima reunião, mas deixou em aberto os próximos passos, a depender da evolução dos dados, com destaque para as medidas de inflação de núcleos e serviços (mais sensíveis à política monetária), as expectativas mais longas de inflação, que ainda dependem da definição da meta, a atividade econômica e o balanço de riscos.
O BC reduziu suas projeções de inflação de 5,8% para 5,0% em 2023 e de 3,6% para 3,4% em 2024. Apesar da redução nas estimativas, o Copom ainda destaca que permanecem fatores de risco para ambos os lados. Os riscos de alta incluem a maior persistência da inflação global e ainda alguma incerteza residual acerca do arcabouço fiscal, além da desancoragem das expectativas de inflação para prazos mais longos, ainda que essas tenham evoluído de maneira positiva desde a última reunião. Entre os riscos de baixa, está a tendência de queda dos preços das commodities, a desaceleração da atividade global e a queda na concessão de crédito no mercado doméstico.
Expectativa para os próximos passos
Esperamos que a evolução do cenário até agosto permita a mudança de rumo na política monetária e o início dos cortes na Selic já na próxima reunião. Apesar do comunicado não deixar claro a indicação de redução na taxa de juros na reunião em agosto, a evolução dos dados até lá deve permitir o início do afrouxamento monetário, que também deve ser mais conservador, com corte inicial de 25 bps. Entre os fatores condicionantes, o principal deles é a expectativa de inflação mais longa que, apesar da recente melhora permanece desancorada. A manutenção da meta e a aprovação final do arcabouço, reduzindo o risco de novas pressões inflacionárias em 2024 podem contribuir para que a inflação esperada pelo mercado para prazos mais longos. A queda esperada para a inflação em junho e julho, principalmente incluindo a inflação de serviços e núcleos, também deve contribuir para a melhora no cenário.